
SANTOS – “Deixamos nosso repúdio aos organizadores da peça.” Foto: Roberto Soares
A polêmica em torno da peça teatral O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu – em que Jesus Cristo é retratado como transexual – rendeu comentários no Plenário da Alepe no retorno das atividades legislativas, nesta quarta (1º). Os deputados Adalto Santos (PSB), André Ferreira (PSC) e Joel da Harpa (PP) foram à Tribuna registrar indignação com o caso, que consideraram desrespeitoso com os cristãos. Edilson Silva (PSOL) fez uso da palavra para pedir “equilíbrio” e Waldemar Borges (PSB) registrou ressalvas à “exploração política” do tema.
A obra seria apresentada no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), realizado pelo Governo do Estado, e acabou excluída da programação no último final de semana, após uma sucessão de decisões judiciais. O espetáculo terminou acontecendo na cidade do Agreste Meridional, paralelamente ao evento, em uma apresentação privada, custeada por recursos arrecadados pela internet.

FERREIRA – “O Governo agora peca contra a família cristã.” Foto: Roberto Soares
Adalto Santos agradeceu ao Governo do Estado por acolher os pedidos pela retirada da montagem teatral da programação. “Deixamos nosso repúdio aos organizadores da peça. O Brasil não é dirigido pela Bíblia, mas todos nós seremos julgados por ela”, afirmou. “Esse pessoal será responsável por causar uma guerra civil no nosso País. Eles não têm limite para afrontar o Cristianismo”, criticou.
Já para André Ferreira, a gestão estadual teve culpa no ocorrido. “O Governo já não tem controle sobre a violência, não consegue mais oferecer saúde de qualidade aos pernambucanos e agora peca contra a família cristã”, disse. “O FIG foi criado para incentivar a cultura, não para incentivar movimentos LGBT”, frisou. Joel da Harpa se manifestou no mesmo sentido: “O grande responsável é o governador Paulo Câmara, quando colocou a peça na programação e causou essa celeuma enorme”.

JOEL DA HARPA – “O grande responsável é o governador Paulo Câmara.” Foto: Roberto Soares
Edilson Silva pediu que se diminuíssem os “tons acusatórios”. “Estive em Garanhuns, vi a peça e o que assisti foi a uma mensagem sobre perdão, gratidão e acolhimento”, relatou. “Quem se ofendeu tem todo o direito de ficar ofendido, mas, em um momento de temperatura tão alta, nós precisamos refletir”, continuou. “Não podemos confundir as coisas e utilizar a situação para fazer disputa eleitoreira.”
Waldemar Borges observou que a escolha da programação do FIG foi feita por uma comissão “que pode não ter percebido a dimensão que o assunto iria tomar”. “Alguns querem atribuir diretamente ao governador, ou mesmo ao secretário de Cultura, a responsabilidade por algo que não foi deliberado pessoalmente por nenhum dos dois”, ressalvou.
O pronunciamento de artistas sobre o episódio, durante apresentações do festival, também provocou reações de deputados. Parlamentares revelaram mal-estar principalmente com as declarações do cantor Johnny Hooker. No último fim de semana do evento, ao tentar defender a peça, o artista disse que Jesus era “travesti”.

SILVA – “Não podemos utilizar a situação para fazer disputa eleitoreira.” Foto: Roberto Soares
“É um cantorzinho, um homossexual que quer colocar em Pernambuco as suas práticas. Em nosso Estado queremos respeito”, declarou André Ferreira, comunicando que irá procurar a Justiça para impedir que o artista seja pago pelo show. “Faremos um grande movimento, unindo todas as igrejas cristãs: ‘se Paulo Câmara pagar o cachê, o voto não vai ter’ ”, anunciou Joel da Harpa. A causa foi acompanhada, em apartes, por Adalto Santos e Pastor Cleiton Collins (PP).
Jadeval de Lima (PMN) também manifestou repúdio à conduta do cantor, mas disse estranhar que a discussão “esteja sendo levada para culpar Governo ou Oposição”. “O tema não tem nada a ver com isso”, opinou. Já Priscila Krause (DEM) ponderou que a gestão estadual errou ao deixar de dialogar com a sociedade civil no processo de escolha da programação do festival. “Sem a interlocução, em algum momento o desentendimento iria aflorar, como ocorreu neste ano. Um evento para agregar diferentes públicos acabou acirrando os ânimos e provocando um debate sem vencedores”, lamentou.

BORGES – “Querem atribuir ao governador algo que não foi deliberado por ele.” Foto: Roberto Soares
Também criticaram a postura de Johnny Hooker, em apartes, os deputados Álvaro Porto (PTB), Antônio Moraes (PP), Bispo Ossesio Silva (PRB), Odacy Amorim (PT), Rodrigo Novaes (PSD) e Teresa Leitão (PT). Na Tribuna, Edilson Silva e Waldemar Borges também expressaram reprovação à conduta do artista.