Alepe recebe apresentações para escolha de novos Patrimônios Vivos de Pernambuco

Em 13/07/2018 - 14:07
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SELEÇÃO – Ao longo desta semana, 59 grupos e artistas pernambucanos defenderam sua arte perante o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Foto: Roberto Soares

Ao longo desta semana (9 e 13 de julho), o Palácio Joaquim Nabuco recebeu uma sabatina bastante particular. Não foram avaliados novos diretores para uma empresa pública ou agência reguladora, mas a Casa testemunhou a escolha dos novos Patrimônios Vivos de Pernambuco. Com apresentações encerradas nesta sexta (13), um total de 59 grupos e artistas pernambucanos puderam mostrar aos membros do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco (CEPPC) porque deveriam se tornar os novos patrimônios a serem escolhidos em 2018, usando muitas vezes como argumento a apresentação da sua arte dentro dos dez minutos que cada um tinha disponível.

A política de Patrimônio Vivo de Pernambuco foi criada pela Lei Estadual n° 12.196/2002, com o objetivo  de incentivar a produção e para a preservação de aspectos da cultura tradicional ou popular. “É uma missão muito difĩcil fazer essa escolha, pois todos esses grupos têm condição de serem considerados Patrimônios Vivos de Pernambuco”, avalia Márcia Souto, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e também do CEPPC. “Para fazer essa escolha, utilizamos como critério o valor cultural de cada candidato, a situação financeira, a idade e o repasse de conhecimentos feita pelos pretendentes”, explica Souto.

Um dos candidatos deste ano é o Mestre Aprígio de Ouricuri, artesão de couro de 77 anos que foi responsável pelas vestimentas de Luiz Gonzaga e Dominguinhos. “Minha preocupação é que a minha arte não morra. Não quero que meu conhecimento fique só com a minha família, mas que faça parte da história de Pernambuco”, argumentou o artesão.  Assisão, cantor e compositor do clássico “Fogueirinha” ressaltou a importância de preservação da tradição forró. “A criança que dança o forró hoje vai continuar daqui a 40 anos. Mas se ela não conhecer, o forró se acaba”, declarou o forrozeiro, que fez toda sua carreira desde 1962 sem sair de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú. .

Desde a criação do título de Patrimônio Vivo, 51 nomes foram escolhidos pelo Conselho Estadual. Desde 2017, o número de selecionados passou de três para seis a cada ano. “Nessa lista ainda há pouco reconhecimento de artistas do Agreste e do Sertão, e há poucas mulheres também. Essa é uma preocupação que está sendo debatida dentro do Conselho”, comentou Márcia Souto.

Ao receberem o título, os Patrimônios Vivos de Pernambuco ganham o direito  a uma bolsa vitalícia mensal no valor de R$ 1,6 mil (pessoa física) ou de R$ 3,2 mil (grupos), recebem prioridade na análise de projetos apresentados ao Sistema Estadual de Incentivo à Cultura (SIC) e são convidados a transmitir conhecimentos em atividades e eventos promovidos pelo Poder Público.

A importância do apoio financeiro também é ressaltado por Manuel Júnior, presidente da Banda Musical Saboeira, fundada em 1849 em Goiana. “A verba vai ser essencial para manter a banda, continuar a ensinar música para crianças e jovens e formar músicos de grande talento, como fizemos com o Maestro Duda e o Maestro Formiga, que foram nossos alunos”, explica o representante do grupo.

Só podem concorrer ao título pessoas ou grupos com mais de 20 anos de trabalho comprovado na promoção de atividades tradicionais ou populares da cultura estadual. Os candidatos são  indicados pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, pelas Câmaras de Vereadores de municípios pernambucanos e por entidades sem fins lucrativos dedicadas à proteção do patrimônio cultural.

“A Alepe sempre se voltou para a importância da cultura do Estado. Com o Palácio Joaquim Nabuco assumindo o papel de museu desde 2010, ela passa a desenvolver atividades culturais, como essa parceria que fizemos com a Fundarpe e a Secretaria de Cultura”, registrou  a superintendente de Preservação do Patrimônio Histórico do Legislativo,  Cynthia Barreto.

Após a série de audiências feitas no Palácio Joaquim Nabuco, os integrantes do CEPPC vão se reunir nos dias 17 e 18 de julho para definir os seis selecionados para se tornarem Patrimônio Vivo em 2018. A cerimônia de entrega dos títulos deverá ocorrer no dia 17 de agosto, quando é comemorado o Dia Nacional do Patrimônio Histórico.

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