Grande Expediente Especial propõe reflexão sobre a Campanha da Fraternidade

Em 22/02/2018 - 16:02
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DEBATE - Proposto pela deputada Teresa Leitão, encontro abordou o tema da campanha, que, neste ano, é “Fraternidade e Superação da Violência". Foto: Alepe

DEBATE – Proposto pela deputada Teresa Leitão, encontro abordou o tema da campanha, que, neste ano, é “Fraternidade e Superação da Violência”. Foto: Alepe

Reflexões acerca da fraternidade e da superação da violência foram feitas durante o Grande Expediente Especial da manhã desta quinta (22). Por iniciativa da deputada Teresa Leitão (PT), o debate ocorreu em celebração à Campanha da Fraternidade deste ano, lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no dia 14 de fevereiro.

Surgida durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), a Campanha da Fraternidade é realizada anualmente no início da quaresma – período entre a quarta-feira de cinzas e a Semana Santa –, com o objetivo de despertar a solidariedade frente aos problemas sociais vigentes. Neste ano, com o tema “Fraternidade e Superação da Violência”, a iniciativa busca promover a cultura da paz, da reconciliação e da justiça. O lema traz passagem bíblica do livro do apóstolo Mateus, que frisa “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

Em mensagem ao Brasil, saudando a campanha, o Papa Francisco destacou que “o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva e a vingança são condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs”. Conclamando cada pessoa para ser protagonista da superação da violência, acrescentou que “a paz é tecida no dia a dia, com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho e na relação com a natureza”.

Teresa Leitão falou sobre o propósito da campanha: “É um momento de reencontro com a vida pública de Jesus Cristo, para que pensemos e reeditemos nosso papel, com temas que nos desafiam”.

Também classificou como inspiração a vida pública de Cristo: “Dos 30 aos 33 anos, em tão pouco tempo, Jesus fez o suficiente para mudar a história da humanidade. Temos obrigação de tentar fazer isso na nossa prática política”. Citando os registros violentos contra negros, mulheres e LGBTs, sentenciou que “a violência tem rosto”. Presidindo a solenidade, Tony Gel (MDB) destacou a passagem “Amai uns aos outros” (Jo 15, 17). “O que ele disse naquela época é muito atual”, complementou o parlamentar.

PLENÁRIO - Tema foi ressaltado em discurso de Terezinha Nunes. Foto: Sabrina Nóbrega

PLENÁRIO – Tema foi ressaltado em discurso de Terezinha Nunes: “números levam à constatação de que são os jovens negros e pobres as maiores vítimas”. Foto: Sabrina Nóbrega

Durante pronunciamento no Pequeno Expediente, Terezinha Nunes (PSDB) ressaltou a importância do tema: “A campanha está conclamando a sociedade a pensar sobre a violência, num momento bastante oportuno, com a intervenção militar no Rio de Janeiro”. A deputada acrescentou, ainda, a desigualdade de renda como um dos desencadeadores de crimes. “Os números levam à constatação de que são os jovens negros e pobres as maiores vítimas”, pontuou, apontando também para o problema das drogas.

Já no Grande Expediente, Terezinha Nunes leu passagem do Evangelho segundo João (10,10): “Vim para que todos tenham vida”. A parlamentar mencionou também a relevância da vida espiritual e da educação. “Precisamos contribuir mais em nossas casas e nas escolas com os nossos filhos.”

Representando o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, o padre Josenildo Tavares frisou que o tema não é só da Igreja Católica, mas de toda a sociedade. “O Brasil já representa 13% dos assassinatos do planeta. A violência está em toda parte. Precisamos tomar cuidado com a banalização do mal”, destacou. O debate sobre armamento nos Estados Unidos, exposto após mais um caso de atirador em escola americana, também foi citado pelo religioso. “Não vamos resolver a violência armando as pessoas nem invadindo as cidades com exército. É preciso investir em educação”, opinou.

Da Comissão Episcopal Juvenil, João Felipe Santos acrescentou a observação de que a violência não é só física: “Às vezes, as leis são violentas, ao tirarem direitos já estabelecidos”.

O diácono Sílvio Pereira chamou atenção para a violência que está em cada ser humano, em atitudes de vaidade, prepotência e egoísmo. “Superar a violência é também entender que ela passa por nós. Somos irmãos, precisamos ter um olhar espiritual para entender a dor do próximo.”