
CRÍTICAS – Segundo deputado, músicos nordestinos discordam da descaracterização dos festejos juninos, com a contratação de cantores sertanejos e bandas de axé. Foto: Jarbas Araújo
O deputado Tony Gel (PMDB) repercutiu, na Reunião Plenária desta terça (6), críticas de artistas nordestinos à descaracterização da festa de São João. Os posicionamentos, expressos em entrevistas, artigos e nas redes sociais, dizem respeito à desvalorização, em eventos patrocinados pelo Poder Público, de ritmos do Nordeste tradicionais no período, como o forró, frente a outros, como sertanejo e axé-music.
O parlamentar enfatizou que, além do forró, o xote, o baião e a mazurca, por exemplo, têm junho como o período de maior execução, ao passo que os outros ritmos mais comerciais podem ser ouvidos em qualquer lugar do País o ano inteiro. Ele citou as preocupações expressas por artistas como Elba Ramalho e Silvério Pessoa e pela Associação de Forrozeiros.
“O receio não deve ser apenas dos artistas, mas também nosso, como representantes do povo pernambucano, que é apaixonado pelo forró”, disse. “Mesmo turistas que vêm do Sul e Sudeste para curtir nosso São João e ouvir música nordestina ficam impressionados com a descaracterização”, emendou.
Outro ponto abordado no discurso foi quanto ao recolhimento dos valores referentes aos direitos autorais das obras executadas. O deputado destacou as queixas expostas pelos músicos Nando Cordel e Maciel Melo, e demandou uma fiscalização mais eficiente do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad).
Em aparte, Antônio Moraes (PSDB) citou a disparidade entre os cachês pagos a artistas locais tradicionais e a músicos sertanejos de outros Estados. “O Governo disse que só vai financiar bandas do Estado. Espero que isso ocorra e que as Prefeituras, que não têm dinheiro para medicamentos, não deem R$ 500 mil para pagar uma banda”, expressou.
Isaltino Nascimento e Laura Gomes, ambos do PSB, citaram a decisão da ex-prefeita de Olinda Luciana Santos, que proibiu em 2001 a execução de axé e ritmos de outros Estados, como exemplo de ação do Poder Público para preservar tradições musicais e evitar a “aculturação”.