Oposição pede que Governo negocie com entidades de PMs e bombeiros

Em 07/12/2016 - 16:12
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Reunião Plenária

EDILSON – “Canal de diálogo precisa ser reaberto.” Foto: João Bita

Deputados da Bancada de Oposição da Assembleia fizeram um apelo ao Governo do Estado, nesta quarta (7), para que recue da decisão de extinguir, por meio de uma portaria publicada ontem, o fórum de negociações formado há dois anos com associações representativas dos policiais e bombeiros militares. O tema foi abordado em pronunciamentos dos deputados Edilson Silva (PSOL) e Joel da Harpa (PTN), que comentaram o ato realizado nessa terça (6) pelas categorias, que estão realizando uma operação-padrão e ameaçam decretar greve se o Executivo não apresentar uma proposta salarial até a próxima sexta (9).

Para Edilson, o Governo agiu corretamente em 2015, ao estabelecer uma mesa permanente de negociação com as associações. Segundo o parlamentar, ao desfazê-la e determinar que os coronéis ficarão responsáveis pela intermediação, o Executivo tira a legitimidade das entidades. “Faço um apelo para que o canal de negociação seja reaberto e a mesa volte a vigorar. Isso não significa desrespeitar os coronéis, mas a categoria não pode ser tutelada por eles”, disse o psolista.

Joel da Harpa afirmou que a manifestação da terça, em frente à sede do Governo do Estado, sinalizou que os militares não vão recuar diante de uma “pressão antidemocrática”. O parlamentar sublinhou que os comandantes-gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros são ocupantes de cargos comissionados, portanto, indicados pelo governador, ao passo que “a categoria tem confiança nos dirigentes de associações”. “Existe uma insatisfação na tropa. O militar é, sobretudo, um funcionário público do Estado, não pode ficar fora da discussão”, emendou o deputado, que propôs a criação de uma comissão na Alepe para cobrar do Governo a reabertura da mesa de negociações.

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JOEL DA HARPA – “Existe uma insatisfação na tropa.” Foto: João Bita

Líder da Oposição na Casa, Sílvio Costa Filho (PRB) atribuiu o impasse à falta de comando no Poder Executivo e enfatizou que as reivindicações dos agentes de segurança pública não se restringem apenas ao aumento salarial, pois eles  também cobram mais respeito e condições de trabalho. “Esse processo é claramente resultado da falta de comando. Ou se tem um diálogo permanente ou os nervos vão ficar cada vez mais aflorados”, observou.

Em resposta ao pronunciamento de Joel da Harpa, Henrique Queiroz (PR) criticou a ameaça de greve de policiais militares. “Não aceitamos o discurso de que o Estado vai pegar fogo se não for atendida uma reivindicação. Não é justo nem correto que o povo de Pernambuco venha a sofrer intimidação de nenhum segmento”, afirmou. O parlamentar acredita que o fato de existirem várias associações representativas da categoria influenciou na suspensão da mesa de negociações. “São quase 15 associações, e cada uma quer ter direito de discutir problemas das polícias”, frisou. “São três entidades de policiais militares e uma dos bombeiros, mas a pauta de negociação é uma só”, respondeu Joel.

Vice-líder do Governo, Tony Gel (PMDB) leu uma nota emitida pelos comandos das corporações a respeito da negociação salarial. De acordo com o texto, as tratativas com o Governo sobre as condições remuneratórias da tropa se iniciariam em abril de 2017, mas foram antecipadas para dezembro por solicitação dos comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

“Em 4 de janeiro de 2017, será realizada a primeira reunião entre os comandos militares das duas corporações e o núcleo de gestão, com objetivo de construir uma proposta a ser encaminhada para a Assembleia Legislativa, em fevereiro de 2017, quando da retomada das atividades parlamentares”, leu o deputado. “Quaisquer ações que perturbem a paz social apenas prejudicam o processo de negociação já em curso. Os comandos não transigem com o desrespeito à hierarquia e a quebra do código disciplinar”, acrescenta o documento.