Deputados repercutem investigação contra governador por supostas irregularidades na Arena de Pernambuco

Em 22/11/2016 - 20:11
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Edilson lembra pedido de informação sobre Arena. Foto: Jarbas Araújo

PROBLEMA – Para Edilson Silva, fato “aprofunda a crise política” em Pernambuco.  Foto: Jarbas Araújo

Investigação por suspeita de superfaturamento na obra da Arena de Pernambuco, revelada pela revista IstoÉ nesta terça (22), repercutiu no Plenário da Assembleia Legislativa. Segundo o noticiário, o governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas irregularidades na construção do estádio, em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife.

Também são apuradas informações contra o prefeito reeleito do Recife, Geraldo Julio, o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado federal Tadeu Alencar, todos do PSB. Os quatro políticos compuseram o Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas do Estado e formataram a licitação para a obra, vencida por um consórcio liderado pela construtora Odebrecht durante o mandato do ex-governador Eduardo Campos, falecido em 2014. Em nota, os envolvidos negaram as acusações.

Durante a Reunião Plenária, Edilson Silva (PSOL) avaliou que o fato “aprofunda a crise política” em Pernambuco e chamou atenção para os prejuízos financeiros ao Estado decorrentes da construção do empreendimento para a Copa do Mundo de 2014. Líder do Governo, Waldemar Borges (PSB) reafirmou ter confiança na legalidade da licitação para a Arena de Pernambuco e garantiu que os citados “sabem da lisura do processo e são os que mais têm interesse de que tudo seja apurado até o fim”.

Silva ainda relacionou o cenário com a situação que atravessa o Rio de Janeiro. Dois dos ex-governadores do Estado da Região Sudeste foram presos na semana passada, no momento em que a gestão fluminense tenta impor medidas de restrição de despesas para reverter um pesado déficit nas contas públicas. Protestos de servidores públicos têm marcado todo o processo. “O Rio está ingovernável. Essa é a dinâmica, porque o povo vai reagir”, alertou.

O parlamentar psolista lembrou que, ainda em 2015, já havia procurado a Justiça para pedir a anulação do contrato do Governo de Pernambuco com a Odebrecht. Além disso, o deputado relatou ter se dirigido ao Ministério Público Federal, ao Tribunal de Contas do Estado e à Polícia Federal para registrar queixas contra o que classificou como “dolo claríssimo” dos membros do Comitê Gestor contra os cofres públicos. “Calculamos que a Arena da Copa já custa R$ 2 bilhões para Pernambuco”, apontou.

Waldemar Borges comenta nota oficial em resposta à Istoé. Foto: Jarbas Araújo

CONFIANÇA – Waldemar reafirmou acreditar na legalidade da licitação para construção de estádio. Foto: Jarbas Araújo

Waldemar Borges observou que todo o processo de licitação foi acompanhado pelos órgãos de controle. O líder do Governo afirmou que a gestão tem demonstrado zelo com a coisa pública “de forma inequívoca”, ao elevar a qualidade dos serviços públicos prestados pelo Estado.

Borges sublinhou que, hoje, Pernambuco “ostenta índices inimagináveis há poucos anos”. “É a proximidade do discurso com a prática que faz essa administração. A habilidade de juntar a percepção dos problemas sociais com a capacidade de fazer”, observou. “Sou orgulhoso de fazer parte desse Governo.”

Ocupações Edilson Silva ponderou que a investigação contra o governador fortalece o movimento de estudantes que ocupam escolas públicas em Pernambuco, em protesto contra a Reforma do Ensino Médio e contra a limitação dos gastos públicos federais. “Um Governo investigado por superfaturamento não pode dizer que não temos o direito de lutar por uma educação melhor”, considerou. “Essa gestão está autorizada eticamente a combater a juventude do Estado com a polícia?”, indagou.

Em intervenção ao pronunciamento de Silva, Teresa Leitão (PT) pediu atenção dos parlamentares para a situação das ocupações em escolas de Ensino Médio. Segundo a petista, por serem adolescentes, os manifestantes estão mais vulneráveis à violência de agentes do Estado. “Temos visto a presença de viaturas da polícia na frente das escolas. Alguns diretores enfrentam os estudantes com truculência, outros fazem pressão nos professores que apoiam o movimento. É preciso fazer prevalecer a democracia e os valores pedagógicos”, asseverou.