
DEBATE – Papel da comunicação pública e legislativa foi discutido durante evento. Foto: Jarbas Araújo/Foto da home: Henrique Genecy
Teve início, nesta quinta-feira (28), a segunda edição do Seminário de Comunicação Legislativa e Cidadania da Alepe, realizado pela Superintendência de Comunicação Social da Casa, com apoio da Mesa Diretora e do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo (Sindilegis-PE). O encontro visa discutir o papel da comunicação pública e legislativa como mediadora entre a instituição e a sociedade.
Na abertura dos trabalhos, a superintendente de Comunicação da Alepe, Margot Dourado, agradeceu o apoio da Procuradoria Geral do Estado, em cujo auditório o evento é realizado, bem como aos apoiadores e à comissão organizadora. “ Iniciamos esse trabalho no ano passado porque percebemos a importância de um debate amplo sobre uma comunicação legislativa que traga frutos para a sociedade”, observou. “O sindicato tem sido parceiro desse evento porque entendemos que comunicação é um direito humano”, acrescentou o diretor do Sindilegis-PE Josias Ramos. Ainda compôs a mesa o jornalista da Alepe Raero Monteiro.
A primeira discussão do dia tratou do impacto da crise política na comunicação legislativa, com o coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, Juliano Domingues. Ele defendeu o reforço dos princípios democráticos como missão da mídia não comercial. “A comunicação legislativa dá transparência, presta contas, fortalece uma corrente de responsabilidade que envolve os representantes”, acredita. Também palestrante, o professor da Universidade Federal da Bahia Wilson Gomes apontou a visibilidade pública como principal problema enfrentado pela comunicação política na atualidade. “A crise decorre da perda do domínio da narrativa de um grupo. Em política, não há espaços vazios, eles são logo ocupados por outros atores”, avaliou.
Na sequência, a professora e analista da Câmara dos Deputados Malena Rodrigues abordou o perfil de conteúdo e público dos veículos do órgão na mesa “Comunicação legislativa para quem?”, revelando também os desafios vivenciados no processo. “Ainda temos problemas de linguagem: as pessoas não entendem o que é a tramitação de um projeto, por exemplo”, comentou. “Mas o acesso vem aumentando, principalmente nos momentos de crise, porque o público é atraído pelas polêmicas, segundo os critérios de noticiabilidade tradicionais.”
Tarde – Os 20 anos da TV legislativa no Brasil foram assunto de uma das pioneiras em sua implantação, a jornalista do Senado Federal Marilena Chiarelli. “Tivemos o desafio de aprender fazendo, em meio a uma cultura da Casa contrária ao projeto, da burocracia e das críticas dos colegas, que diziam que fazíamos um jornalismo ‘chapa-branca’”, contou. “Mas tive a sorte de contar com presidentes que apoiaram a TV Senado.”
Vice-presidente da Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC), Paulo Fradique revelou os desafios enfrentados pela instituição fundada há três anos. “A emissora surgiu após amplos debates com a sociedade civil entre 2009 e 2010. O modelo foi pensado para garantir autonomia e fugir da estrutura burocrática”, lembrou. “A dificuldade é fazer as instâncias políticas entenderem a importância da comunicação pública e converter isso em apoio efetivo.”
A última palestra ficou por conta da editora do portal NE10, Inês Calado, que trouxe desafios e tendências do jornalismo digital. “No começo, fazíamos de modo experimental. Hoje temos um leitor que não é só receptor, mas constrói os conteúdos com a gente”, afirmou. “A maior parte dos acessos são via aparelhos móveis, e não mais computador de mesa. Além disso, as mídias sociais mudaram a relação entre as pessoas.”
O seminário segue até a manhã desta sexta (29), com mesas sobre a cobertura de direitos humanos, composta pelas jornalistas e professoras da Universidade Federal de Pernambuco Fabiana Moraes e Virgínia Leal, e sobre jornalismo independente, reunindo Marina Amaral, da Agência Pública, e Inácio França, da Marco Zero Comunicação. O evento inciará às 8h30, no auditório da PGE, na Rua do Sol (Centro do Recife).