
A rebelião ocorrida na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Abreu e Lima, na última sexta-feira (30), mobilizou o Parlamento Estadual. Ontem, a Comissão de Cidadania da Assembleia visitou o local para conhecer as condições de funcionamento da unidade e tentar descobrir as razões que levaram alguns jovens a iniciar o tumulto.
Os integrantes do colegiado puderam observar as consequências do conflito.
Muitas celas foram queimadas e salas destinadas ao serviço administrativo totalmente destruídas. Um dos jovens foi assassinado.
Em conversa com alguns internos, os deputados Sílvio Costa Filho (PMN), Manoel Santos (PT); e o presidente da Comissão de Cidadania, Betinho Gomes (PSDB), averiguaram que o motim aconteceu em virtude da insatisfação com a gestão da unidade. Entre diversos problemas, os internos destacaram a má qualidade do alimento oferecido e as constantes agressões praticadas por agentes socioeducativos .
Outro fator apontado foi a superlotação. Construída para receber 98 jovens, a unidade de Abreu e Lima abriga, atualmente, 242 internos. Em relação às denúncias sobre o número reduzido de agentes, o presidente da Funase, Alberto Vinícius, informou que o problema não é quantitativo, mas qualitativo. “Só em 2012, por exemplo, já foram afastados 217 agentes em todas as unidades da Funase. O Governo do Estado está empenhado na realização de concurso público para selecionar novos profissionais para o setor”, declarou.
O deputado Betinho Gomes disse que a Comissão de Cidadania encaminhará um relatório da visita para o Governo do Estado, Poder Judiciário e Ministério Público. “O documento conterá fotos e depoimentos que apontam as deficiências da Funase, além de sugestões para melhorar o atendimento aos jovens”, detalhou.
Ele defendeu, ainda, a instalação imediata de novos centros da Funase com base nas determinações do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).
A visita ainda contou com a participação de representantes do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Conselho Tutelar de Abreu e Lima, Ministério Público e do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop).