Energia alternativa – Polêmica sobre implantar usina nuclear em Itacuruba

Em 15/03/2011 - 00:03
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Uma possível tragédia nuclear no Japão aumentou o temor do deputado Daniel Coelho (PV) sobre a implantação de uma usina nuclear em Itacaruba, no Sertão de Itaparica. Em pronunciamento, o parlamentar retomou a discussão no Plenário, alertando para os possíveis danos à população e ao meio ambiente. “O preço que se pode pagar para gerar energia é muito alto”, disse, citando como exemplo o armazenamento do lixo produzido pela unidade, que deve ser acondicionado por cerca de dez mil anos. “Não temos o direito de resolver a situação comprometendo gerações futuras”, endossou.

O aumento do número de empregos e da arrecadação de impostos para o Estado não justifica os riscos, na opinião de Coelho. “Caso não houvesse perigo, a unidade não seria instalada numa região de pouca densidade populacional, como é o caso de Itacuruba”, frisou. A proximidade com as margens do Rio São Francisco também preocupa: “todo o leito do manancial pode sofrer, se houver algum tipo de contaminação”, alertou, acrescentando que a energia, nesse processo, é produzida com o enriquecimento de urânio.

Em 1986, o acidente com a usina de Chernobyl, na Rússia, motivou os parlamentares pernambucanos a alterarem a Constituição local, determinando que esse tipo de energia só seria possível, caso todas as outras fontes fossem esgotadas, segundo Daniel. “Se não fosse Chernobyl já teríamos uma planta nuclear”, avaliou.

Em aparte, o deputado Maviael Cavalcanti (DEM) apoiou o pronunciamento. “Não há razão para energia nuclear no Nordeste. Existem diversas fontes de energia pura e limpa como a eólica e a solar”, avaliou Cavalcanti.

Rodrigo Novaes (PTC); Raimundo Pimentel (PSB); Carlos Santana (PSDB) e Isabel Cristina (PT) discordaram de Coelho. Todos alegaram que o momento não é adequado para a discussão, devido ao apelo emocional em relação aos japoneses.

“Vários países produzem energia nuclear sem problemas como os EUA”, comentou Novaes. “O que está acontecendo no Japão é consequência do tsunami”, observou Pimentel.

“Os tempos são outros e a tecnologia com segurança está bem avançada”, observou Santana. “Não acredito que os dirigentes colocariam a população em risco”, argumentou Isabel Cristina.