
Em 13 de maio de 1960, surgia, no Recife, na gestão do então prefeito Miguel Arraes, um projeto que se tornou referência nacional e que tinha como objetivo levar educação e cultura para a população de baixa renda, preparando-a para a efetiva participação na vida política do País. No dia de ontem, o Movimento de Cultura Popular (MCP) completou 50 anos e um Grande Expediente Especial, proposto pela presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputada Teresa Leitão (PT), foi realizado na Assembleia Legislativa.
O MCP era uma instituição sem fins lucrativos. Entre os que fizeram parte dos seus quadros, intelectuais e artistas como Abelardo da Hora, Francisco Brennand, Anita Paes Barreto, Ariano Suassuna e José Wilker. Em março de 1964, porém, durante o golpe militar, o MCP foi extinto. Dois tanques de guerra foram estacionados no gramado da sede, localizada no Sítio da Trindade, no bairro de Casa Amarela. Toda a documentação foi queimada, obras de artes destruídas e os profissionais afastados dos cargos.
“É dever do Poder Legislativo reconhecer os atores e instituições que contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico do Estado”, destacou a parlamentar petista.
Como legado, o Movimento alfabetizou mais de 30 mil alunos, entre crianças, jovens e adultos, e deixou 414 escolas. Viabilizou bibliotecas públicas, escolas de formação profissional e radiofônicas, círculos de leitura, teatro, cinema e exposições abertas ao público. “Caso o governo militar não houvesse interrompido a trajetória do MCP, o Brasil poderia ter uma educação mais qualificada, diminuindo, assim, o número de excluídos”, ressaltou o presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PDT). Ele acrescentou que o movimento é referência para as políticas públicas nas áreas de educação e cultura até os dias atuais.
Para o professor Germano Coelho, idealizador e primeiro presidente do MCP, a primeira lição é a valorização do povo. “Esta é uma grande data, não apenas por ser a fundação do movimento, mas porque a estamos comemorando na Casa Joaquim Nabuco. Na época, acreditávamos numa transformação radical do País”, lembrou.
O artista plástico Abelardo da Hora, que também se pronunciou, relembrou a trajetória do MCP e enalteceu a atuação de Miguel Arraes em Pernambuco. Ainda durante a solenidade, o aboiador Ronaldo fez versos alusivos à data.