
A declaração do sub-relator da CPI das Sanguessugas, deputado federal Fernando Gabeira (PV/RJ), de que não há provas e nem motivos para indiciar o ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) repercutiu no Plenário. Ontem, o presidente da Casa em exercício, deputado Ettore Labanca (sem partido), prestou solidariedade ao ex-ministro e a todos os homens públicos que passaram por “acusações infundadas”. “A verdade foi restabelecida, mas os danos são irreparáveis”, frisou. Os ex-ministros José Serra (PSDB), Barjas Negri (PSDB) e Saraiva Felipe (PMDB), também citados na CPI, foram inocentados.
De acordo com Labanca, o episódio das sanguessugas pode ter atrapalhado a eleição de Costa ao Governo do Estado, uma vez que a coligação que apoiou o governador Mendonça filho (PFL) utilizou-se da acusação para “atacar a honra” do ex-ministro. “Os adversários criaram até música para colocar Costa em situação difícil”, lembrou, acrescentando que os opositores também o associaram à Máfia dos Vampiros, que o próprio Humberto, como ministro da Saúde, havia denunciado. “Qual teria sido o resultado da campanha sem essas acusações infundadas?”, indagou.
Em apartes, os deputados Sílvio Costa (MD), Izaías Régis, Augusto César e Guilherme Uchôa, do PTB, Isaltino Nascimento (PT), José Queiroz (PDT), os pefelistas Maviael Cavalcanti e Geraldo Coelho, e Aglaílson Júnior (PSB) se pronunciaram. Sílvio Costa sugeriu que o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, o pernambucano Raul Jungmann (MD), pedisse desculpas ao ex-ministro “por ter sido o responsável pelos ataques mais veementes”.
“Humberto não se preocupava com a campanha ao Estado, mas com sua família, que foi bombardeada com difamações durante toda o período eleitoral”, disse Régis.
Augusto César, que foi candidato a vice-governador na chapa do petista, lembrou que o ex-ministro sempre negou envolvimento na Máfia das Sanguessugas. “O episódio foi utilizado por políticos retrógrados, que se aproveitaram para macular a imagem pública de Costa”, argumentou Nascimento. Segundo Queiroz, Humberto “perdeu a eleição, mas venceu a guerra política”. “É lamentável que não haja uma legislação que evite que alguns processos sejam manipulados politicamente”, frisou Maviael.
Uchôa também lamentou a falta de uma legislação e disse que o fato serve de exemplo para a aprovação de uma lei que garanta sigilo às investigações. Coelho elogiou as ações do petista no Ministério da Saúde, citando a Hemobrás e o Samu. “Foi um trabalho brilhante no ministério, beneficiando de forma indiscutível Pernambuco”, afirmou Aglaílson.