Alepe comemora abolição com palestra, vídeo e dança

Em 14/05/2003 - 00:05
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Na passagem dos 115 anos da abolição da escravatura no Brasil, a Assembléia Legislativa (Alepe) prestou, ontem à noite, uma homenagem ao seu patrono, Joaquim Nabuco, que foi um dos seus maiores líderes da luta pela emancipação dos afro-descendentes. A comemoração aconteceu em reunião solene que teve palestra do coordenador do mestrado de Ciência Política da UFPE, professor Michel Zaidan, exibição de um vídeo produzido pela equipe de TV da Assembléia e apresentação do Grupo de Percussão e Dança Afro Abe Mahi, da Escola Professora Maria Odete de Cavaleiro, de Jaboatão dos Guararapes.

Na abertura dos trabalhos, o presidente da Alepe, deputado Romário Dias (PFL), destacou a importância política e social de Joaquim Nabuco, cujo legado influencia o pensamento democrático e libertário do Brasil de hoje.

Na exposição sobre Nabuco, Zaidan destacou as particularidades da formação do filho da tradicional aristocracia pernambucana, que se tornou líder da causa abolicionista. “O desenraizamento do seu núcleo familiar e a empatia que criou com os escravos foram elementos que justificaram o engajamento de Nabuco por uma libertação real dos escravos, modelo que não foi contemplado com a Lei Áurea”, afirmou o professor.

Zaidan lembrou que Nabuco foi criado por sua madrinha num ambiente de muita liberdade, no Engenho Massangana, quando seu pai se mudou para o Rio, onde foi ocupar uma cadeira no Parlamento. “Com a morte da madrinha, ele seguiu para o Rio e sentiu-se estranho à realidade da sua família, pois já demonstrava interesse pelos problemas sociais”, lembrou. De acordo com o professor, a formação do abolicionista se fortalece com a sua viagem para a Europa, “quando adquire uma visão cosmopolita”.

Zaidan recordou que a luta pela abolição terminou não trazendo os resultados esperados por Nabuco, porque “não criou trabalhadores livres e deixou um vácuo social, já que não houve, de imediato, o regime de trabalhado assalariado”. “A referência da história de Nabuco é um exemplo para o Legislativo e, como disse o filósofo Platão, o legislador tem a missão de fazer justiça elaborando leis”, completou. Sobre a realidade dos negros atualmente o professor concluiu: “Não basta o reconhecimento cultural, é necessário a conquista de direitos sociais”, concluiu.

O vídeo Símbolo da Liberdade foi produzido pela equipe da Assembléia na TV. O documentário apresentou depoimentos do professor Michel Zaidan e do historiador e geógrafo Manuel Correia de Andrade.