O delegado da Polícia Civil de Pernambuco Sílvio Romero Rodrigues foi ouvido, ontem, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Roubo de Cargas e Tráfico de Drogas. Ele, três agentes e um comissário são acusados de extorquir dinheiro de pessoas pegas com mercadorias ilegais e de vender produtos apreendidos. A acusação foi feita pelo informante da polícia conhecido como “Capibaribe”, que atuava na Delegacia de Proteção a Estelionato. Os delegados Washington Luís Lopes, Luciano Soares e João Dantas também foram citados.
Na próxima semana, a CPI será instalada em Toritama e, em seguida, em Cabrobó.
De acordo com Eurico, o objetivo é averiguar denúncias recebidas pela comissão.
“Elas são de extrema gravidade, é inadmissível que setores do aparelho policial sejam citados, durante uma CPI”, explicou.
Capibaribe está sob proteção especial da Polícia e depõe na CPI com capuz e óculos escuros para ter a imagem preservada. Esta é a segunda vez que ele participa dos depoimentos. Ontem, foi feita a acareação com os acusados.
O informante relatou aos deputados, com riqueza de detalhes, como “o esquema” era feito, desde o levantamento dos pontos a serem estourados, apreensão e acerto de propina. Os policiais reconheceram a função dele, mas discordaram quanto a apreensões. Eles alegaram que o volume “era muito inferior do que o apontado por Capibaribe”. Numa apreensão de CDs piratas, em Caruaru, por exemplo, Capibaribe disse que foram 20 mil, enquanto o delegado afirmou que havia localizado “apenas uma banca de feira com o produto”. A justificativa do informante é de que muitas dessas mercadorias não chegavam à delegacia, pois “os policiais ficavam com a mercadoria para vender”. Capibaribe também alegou que entregava diretamente a Rodrigues o dinheiro de acerto de propina. “Ele era o único delegado que recebia diretamente”, reforçou, acrescentando, ainda, que, algumas vezes, chegou a usar colete da Polícia Civil, dado pelo próprio delegado.
Durante a audiência, o representante do Sindicato dos Policiais Civis, Cláudio Marinho, solicitou que fosse mantido o direito de preservação de imagem dos depoentes, evitando que os mesmos fossem filmados ou fotografados.