Deputados e comandante da PM analisam questão Muitos parlamentares interviram na intenção de encontrar as causas para o problema da prostituição. O líder do PSB, deputado Carlos Lapa, destacou que uma delas seria a posse de um terço do dinheiro público nas mãos de políticos e empresários corruptos. Ele responsabilizou também o Governo do Estado, que deveria propor mais ações na área de educação, políticas agrícolas (para desestimular o êxodo rural) e de saúde.O presidente da Comissão de Cidadania, deputado João Braga (PV), acredita que uma das formas de se contrapor à questão seria a articulação entre governos e entidades civis no sentido de promover as riquezas culturais e histórias da cidade, dando novo perfil ao turismo na cidade. Para o líder do PSDB, Antônio Moraes, a discussão deve ser ampliada para as regiões da Mata Sul e do Araripe. Ele propôs ainda uma campanha de combate à prostituição infantil.Opinião semelhante compartilha o presidente da Comissão de Saúde, deputado Garibaldi Gurgel (PMDB). Como médico, Gurgel se acostumou receber em consult ório jovens com doenças sexualmente transmissíveis, alertando na Casa para o problema desde 1995. “Não devemos repreender aqueles que são marginalizados e precisam de ajuda. É preciso disciplinar, dando cidadania e evitando a exploração infantil”, disse.O comandante-geral da PMPE, Iran Pereira, valorizou a discussão envolvendo múltiplos segmentos da sociedade e não apenas as polícias. Ele questionou os dados que colocam o Recife como campeão em prostituição, citando o caso de Fortaleza, a que havia aludido o deputado Paulo Rubem Santiago (PT). Pereira ressaltou a importância de políticas de acompanhamento e de reuniões semelhantes para tratar o tema.O presidente da Empetur, Frederico Loyo, estabeleceu a diferença entre turismo sexual e prostituição. Para Loyo, o Nordeste não precisa atrair turistas com base no sexo. Ele reconheceu que a prática foi usada nas décadas de 70 e 80 por operadoras estrangeiras, mas que está abolida graças a atuação de entidades nacionais do setor. Na sua opinião, a prostituição afa sta os turistas. O deputado Pedro Eurico (PSDB) criticou os argumentos de Loyo de que não há prostituição nos hotéis. Ele acredita que a postura de repreensão agride os direitos do cidadão.Ponto-de-vista – A representante da Prefeitura do Recife, Andréa Butto, destacou que a situação não deve ser tratada de forma urbanística, mas socialmente. Ela assegurou que a prostituição é um direito e não se pode as pessoas de exercê-lo. Em conversa com associações que desenvolvem trabalhos junto a prostitutas, Butto recolheu denúncias de agressão, repressão e uso econômico das atividades por parte de policiais. “No lugar de transferir e discutir pontualmente, deveríamos debater as legislações que garantes os diretos”, argumentou.Ricardo Lapenda, coordenador da Associação dos Lojistas da Conselheiro Aguiar, acredita que houve no encontro desrespeito a uma profissão milenar. No entanto, fez questão de demonstrar sua posição contrária à prostituição infantil.Em um discurso simples porém sincero, a prostituta Rosângela ocupou a tribuna para cobrar ajuda das autoridades e entidades sociais presentes à discussão. “A gente vive nessa vida não é porque quer, mas porque precisa”, afirmou. O líder do PFL, deputado Augusto Coutinho, finalizou o encontro, ressaltando a import^ncia da coragem para enfrentar o problema. Ele informou que irá propor a criação de uma comissão para tratar do assunto. (Gustavo Hahnemann)