Deputados reafirmam ações da AL Para parlamentares, o Poder Legislativo, desde o início da greve, tentou mediar o conflito A greve da PM, os seus reflexos no Recife e as posições do governo e dos grevistas foram predominantes ontem, na Assembléia Legislativa, com deputados governistas e da oposição comentando os fatos. No essencial, os parlamentares reafirmaram as ações do Poder para mediar o conflito e as possibilidades de avançar no esforço para por fim à greve.
Antônio Moraes (PSDB) assegurou que a Casa, desde o início, cuidou de manter contatos com os grevistas para um acordo, evitando o agravamento da crise.
“Neste sentido, não têm fundamento as versões de omissão ou falta de interesse da Mesa Diretora, que esperou um contato com o comando de greve. Os líderes do movimento, contudo, demoraram a procurar o Legislativo, o que só ocorreu depois do confronto”, lembrou.
Augusto César (PSDB), em aparte, criticou “as tentativas de expor a Casa diante da greve, de ser um entrave para o entendimento, argumento que não tem base, nem exige a mediação de lideranças de outros estados, pois a Assembléia sabe conduzir o processo e não fugirá de sua responsabilidade de interagir com as forças sociais”.
Moares voltou a comentar que os confrontos, a radicalização do movimento, na prática, “gerou entraves para as negociações, sendo necessário desarmar os espíritos, serenar os ânimos”. Segundo ele, da parte do governo há a preocupação de encontrar saídas, “restabelecendo a ordem e a paz social”.
O líder do governo, Romário Dias (PFL), reafirmou o apoio à posição do presidente da AL, deputado José Marcos (PFL), que se prontificou a intermediar a negociação entre os grevistas e o governo e eles não compareceram no último de final de semana. “Não podemos ver aqui deputados tentando jogar a opinião pública contra o Legislativo. A posição do presidente foi bem clara e está registrada. Pela a Assembléia fala ele e não o deputado que traz a discórdia”, afirmou, sem citar nomes.
Dias lembrou que, na terça-feira (24), os PMs apresentaram à Mesa Diretora uma contraproposta que foi entregue ao governo. “Naquele momento ainda era greve, mesmo sendo ilegal, hoje se tornaram amotinados”, completou, garantindo que os soldados e cabos estão voltando aos quartéis.
Coragem O deputado Geraldo Coelho (PFL) destacou a posição corajosa do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), “que reagiu às pressões dos grevistas da PM e manteve o princípio da autoridade, o respeito à lei, ameaçada pelos que decidiram apelar para a baderna, perturbação da ordem, provocando o conflito”.
O pefelista ressaltou a importância da disciplina no meio militar, a necessidade de preservar a hierarquia, “que não pode ser quebrada sem graves prejuízos para a ordem social e a sociedade”. Ele adiantou que a Assembléia, “no seu papel de contribuir para a paz, não pode abraçar qualquer causa, sobretudo quando se fere os princípios legais e constitucionais”.
Roberto Liberato (PL), em aparte, ressaltou a necessidade de “defender o Estado de Direito, que a greve da polícia ameaça abalar”. Ele elogiou a posição do orador, assegurando que o Legislativo “não pode se confrontar com o Executivo e o Judiciário, que firmaram posição sobre o caráter ilegal do movimento, que persistiu em desrespeitar as instituições”.
Pedro Eurico (PSB), por sua vez, alertou que a AL não pode ter medo do julgamento ou da alegação de que se omitiu na busca de negociar uma solução para a greve, lembrando que agiu visando tal objetivo e agora deve persistir para que haja uma solução, “tendo em vista que o comércio e o setor serviços vêm sofrendo perdas em função do movimento”.
Geraldo Coelho, ao finalizar, comentou os aspectos financeiros da reivindicação dos grevistas, assegurando que terá reflexos “severos” na capacidade de pagamento do Estado. Lembrou a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece limites de gastos, “de sorte que uma solução tem de levar em conta as restrições legais impostas pela legislação”. (Nagib Jorge Neto/Pedro Marins)