CPI do Narcotráfico terá mais 60 dias para relatório

Em 06/09/2000 - 00:09
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CPI do Narcotráfico terá mais 60 dias para relatório Após amplo debate, a Assembléia Legislativa decidiu ontem, por unanimidade, prorrogar por mais 60 dias a CPI do Narcotráfico e da Pistolagem. O novo prazo será usado exclusivamente para algumas diligências e preparação do relatório final do deputado José Queiroz (PDT). O relator vai apresentar as conclusões das investigações que reúnem quatro mil páginas, com as pessoas envolvidas, as recomendações de medidas para punir os responsáveis e sugestões de leis para evitar os delitos.

O deputado Maviael Cavalcanti (PFL), apesar de concordar com a medida, questionou o uso da CPI como “instrumento político” na disputa eleitoral no interior. Ele citou o caso do presidente da CPI, deputado Pedro Eurico (PSB), que teria ameaçado adversários, em Orobó, de usar o “poder da Comissão”.

Diante da denúncia, José Queiroz defendeu a atuação de Pedro Eurico, posição também assumida pelo deputado Antônio Moraes (PSDB), que deu seu testemunho da “seriedade” do presidente, adiantando que se por acaso usou tal expediente não compromete o trabalho da CPI.

Para o deputado Gilberto Marques Paulo (PFL), não pairam dúvidas sobre o trabalho correto da CPI. Ele defendeu, em seguida, a conclusão do relatório, “até para evitar incompreensões”. Diniz Cavalcanti (PMDB) ressaltou a importância da Comissão e concordou com a prorrogação do prazo.

Fernando Lupa (PDSB) também apoiou a prorrogação e afirmou desconhecer qualquer uso indevido do trabalho pela presidência, postura também assumida pelo deputado Paulo Rubem (PT), que abordou a “forma criteriosa” como soube se comportar ao longo das investigações.

O presidente da CPI, Pedro Eurico, disse que participou de encontros no interior, nos quais houve referências à sua condição de presidente da CPI e ao trabalho da Comissão, mas que, “em nenhum momento, ameaçou prender quem quer que seja, até porque a Comissão não tem esse poder”.

De acordo com ele, as ações da CPI nesse campo foram dentro da lei e que, no caso de Orobó, a questão é com a Justiça Eleitoral, que impugnou um candidato, que está sub judice. “Não tem fundamento, portanto, a versão de que usei minha posição com objetivos eleitorais”, completou.

Sebastião Rufino (PFL) elogiou a conduta da CPI e de Pedro Eurico, mas acentuou que também soube de comentários sobre referências que Eurico teria feito com relação a políticos envolvidos nos fatos apurados pela CPI.

João Negromonte (PMDB) questionou se a prorrogação seria usada para prosseguimento do trabalhos normais da CPI. A falta de precisão do requerimento foi esclarecida por José Queiroz. “Esse prazo vai servir apenas para colhermos elementos junto aos órgãos que atuaram no processo, dando mais substância ao relatório”. (Nagib Jorge Neto)