Deputados apuram envolvimento de grupos de vigilância em chacinas no Grande Recife

Em 11/08/2000 - 00:08
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Deputados apuram envolvimento de grupos de vigilância em chacinas no Grande Recife A atuação de grupos de extermínio na RMR também mobilizou a atenção da CPI do Narcotráfico.

Ontem, três suspeitos de participação em chacinas prestaram depoimento. José Carlos da Silva, conhecido como Padre Melo, e tido por muitos como o “Terror do Cabo de Santo Agostinho”, e seu irmão Paulo José da Silva, que fazem segurança para comerciantes, foram denunciados por obrigar seus clientes a pagarem uma determinada quantia pelo serviço.

Eles negaram participação em grupos de extermínio. José Carlos, que já foi preso em 89 por homicídio, disse que é vítima de perseguição por parte de militares e moradores do Cabo. Paulo José admitiu que eles têm um grupo de segurança particular.

Diante das denúncias, o presidente da CPI, deputado Pedro Eurico (PSB), propôs que a Secretaria Defesa Social designe um delegado especial para investigar os crimes de grupos de extermínio no Cabo. Segundo o deputado, o índice de conclusões de inquérito no município é mínimo.

“Maciel” – O terceiro suspeito de participação em chacinas a ser ouvido foi Márcio Salustiano Rodrigues, conhecido como “Maciel”, que está preso por porte ilegal de arma e responde a um processo por tentativa de homicídio. Os deputados estão apurando denúncias de que Maciel integra um grupo de extermínio no Totó e que é um dos autores de uma chacina ocorrida em Camaragibe.

Maciel negou participação na chacina. Ele disse que na hora do crime estava com amigos, sendo chamado para prestar socorro a um dos cinco rapazes mortos. Ele afirmou que não tinha motivos para cometer o crime, pois era amigo das vítimas.

Antes de ser preso, Maciel trabalhava em um grupo de segurança particular.

Para o deputado Antônio Moraes (PSDB), sub-relator de violência e grupos de extermínio da CPI, o estado deve ter um controle rígido sobre os grupos de segurança particulares. O Parlamentar afirma que, cedo ou tarde, os vigilantes acabam se envolvendo com o tráfico de drogas e grupos de extermínio. Pedro Eurico, antecipou que comissão vai estudar uma proposta de regulamentação do serviço, para que o Estado tenha um controle maior sobre os grupos de vigilância privada. (Carolina Flores)