CPI dos Medicamentos pede suspensão do soro da Endomed A CPI dos Medicamentos encaminhou ontem ofício à Secretaria de Saúde pedindo a suspensão do uso do soro produzido pelo laboratório Endomed. A decisão foi tomada após o depoimento do economista Sérgio Novaes, filho de uma das 43 vítimas fatais do soro contaminado.
Novaes relatou à CPI as causas da epidemia ocorrida em 1997, em hospitais públicos e privados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. Análises realizadas pelas secretarias de Saúde desses Estados constataram que o soro Ringer Lactato estava contaminado por bactérias e não tinha condições mínimas de utilização.
O produto causava acidentes vasculares cerebrais nos pacientes, levando à morte ou causando seqüelas físicas e neurológicas. O economista disse que das 90 amostras do soro analisadas pelo Intituto Adolfo Lutz, de São Paulo, apenas duas não tinham contaminação bacteriológica.
A informação dada por Novaes de que o soro continua a ser utilizado na rede hospitalar pública de Pernambuco motivou o pedido da interrupção do uso do produto pela CPI, “como forma de pressionar o laboratório e como medida preventiva”.
O advogado de duas vítimas do soro, João Humberto Martorelli, espera que a CPI ajude a punir os responsáveis pela tragédia. E acusa a direção do laboratório Endomed e a Secretaria Estadual de Saúde pela falta de fiscalização.
O presidente da CPI dos Medicamentos, deputado Sérgio Leite (PT), antecipou que a Comissão vai convocar o diretor-presidente do laboratório. Em seguida, convidará o atual secretário de Saúde, Guilherme Robalinho, e o seu antecessor no cargo. Também serão ouvidos os diretores dos hospitais Santa Joana e Memorial São José. Segundo Sérgio Novaes, os hospitais foram os únicos a utilizar o soro, por medida de economia. Pois, na época, este era o mais barato no mercado. (Carolina Flores)