AL cassa mandato de Eudo

Em 08/06/2000 - 00:06
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AL cassa mandato de Eudo 27 deputados entenderam que houve quebra do decoro parlamentar Numa decisão histórica, a Assembléia Legislativa cassou ontem o mandato do deputado Eudo Magalhães (PFL), por falta de decoro parlamentar. Na sessão, que foi secreta e durou cerca de quatro horas, 27 deputados votaram pela cassação, 17 foram contra, houve um voto em branco e uma abstenção, do próprio Eudo, que alegou estar “eticamente impedido de votar”.

O presidente em exercício da Assembléia Legislativa, deputado Bruno Araújo (PSDB), afirmou quer a AL cumpriu o seu papel. “Seguimos todo o trâmite legal e, numa decisão legítima e soberana, os deputados votaram pela cassação”, frisou. Ele destacou a “maturidade” da Casa Joaquim Nabuco. “Em menos de dois meses, analisamos e votamos o pedido de cassação. Isto mostra que o Poder Legislativo tem prestado conta à sociedade de todos os seus atos”, apontou. O deputado assegurou que todo o processo se deu dentro dos rigores legais, “sendo dada total garantia à defesa do acusado”.

Antes de ser iniciada a sessão, o prédio sede do Poder Legislativo foi isolado pela Assistência Militar da Assembléia, com o acesso só sendo permitido aos 46 parlamentares da Casa (três estão de licença – José Marcos (PFL), Diniz Cavalcanti (PMDB) e Gilvan Costa).

Do lado de fora do prédio, havia uma movimentação intensa: jornalistas, trabalhadores do Movimento dos Sem Terra, partidários de Eudo Magalhães, servidores da AL e populares se aglomeravam em busca de informações sobre o andamento da sessão.

Às 10h, Bruno Araújo abriu a reunião que decidiria o destino do mandato de Eudo Magalhães. Seguindo o rito regimental, o 1º secretário da Casa, deputado Guilherme Uchôa (PMDB), fez a leitura do processo de cassação. Em seguida, foi concedida a palavra ao advogado de defesa, Célio Avelino, que apresentou um vídeo com uma entrevista sobre a cassação do ex-deputado Ibsen Pinheiro.

Durante cerca de 40 minutos, Avelino analisou o parecer emitido por João Braga (PSDB), que foi aprovado na Comissão de Justiça. Para ele, não havia nenhuma prova contra Eudo. Depois foi a vez do próprio deputado se defender. Bastante emocionado, Eudo afirmou que esperava justiça.

Em seguida, foi procedida a votação e proclamado o resultado: pela primeira vez em 165 anos de história, a Assembléia Legislativa de Pernambuco cassava o mandato de um deputado estadual por falta de decoro parlamentar. Em seu lugar, assume o terceiro suplente do PFL, Maviael Cavalcanti. (Marconi Glauco)