Ranilson critica política de água e sugere mudança

Em 21/01/1999 - 00:01
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Ranilson critica política de água e sugere mudança Embora o Dia Mundial da Água tenha sido celebrado segunda-feira, não há muito a festejar em Pernambuco. Esta opinião foi manifestada ontem pelo deputado Ranilson Ramos (PSB), ao abordar a data instituída mundialmente. Ele considera que o momento é de reflexão, porquanto a seca trouxe “graves conseqüências para a população rural e urbana, inclusive envolvendo a capital pernambucana”.Ao analisar o ciclo de estiagem através dos anos, o deputado socialista reportou-se ao padre Serafim Leite, que em seu livro “História da Companhia de Jesus no Brasil” registra a primeira seca nesta região em 1559. Já a seca de 1877, dizimou quase todo o gado da Capitania do Ceará. Aquela capitania sofreu terríveis efeitos no ano seguinte, morrendo grande parte da população.Todavia, passados séculos, o quadro atual não reflete muitas mudanças no contexto, com milhares de pessoas morrendo em decorrência da seca no Nordeste, inclusive a poucos metros de mananciais como o rio São Francisco. “Mesmo assim – reclama o parlamentar – o Governo federal quer privatizar o rio, o qual detém 66,7% do volume disponível armazenado do semi-árido, priorizando suas águas para a geração de energia, em detrimento da irrigação, navegação e abastecimento humano de l4 milhões de pessoas em 463 municípios”.Ranilson Ramos chamou a atenção para o grande valor da água em todo o mundo, sendo sua qualidade e disponibilidade fundamentais para um desenvolvimento sustentável. E advertiu: “A água já é considerada o insumo mais importante deste final de século. A nível mundial sua utilização registra 75% na agricultura, 21% na indústria e mineração, restando apenas 4% destinado ao consumo doméstico nas cidades”. Ele criticou a superexploração crescente sobre os recursos hidráulicos, que são finitos, muitos buscando apenas benefícios financeiros a curto prazo, sem levar em consideração os impactos negativos que resultarão a longo prazo. No final, assegurou que malgrado as dificuldades financeiras do Estado, o governo Miguel Arraes impôs ações no setor hídrico, desde criação de órgãos como a Diretoria de Recursos Hídricos ou o banco de dados: “Por isso, cabe ressaltar a necessidade de continuidade dessas ações, bem como o aporte de recursos por parte do Governo federal e organismos internacionais”.

(Antônio Azevedo)