Lapa vê ameaça contra o regime

Em 21/01/1999 - 00:01
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Lapa vê ameaça contra o regime “A campanha nacional contra a Justiça brasileira é, no mínimo, temerosa.

Trata-se de uma tentativa de impor uma verdadeira ditadura do Poder Executivo sobre os demais poderes da Nação”. A afirmação é do deputado Carlos Lapa (PSB).

Ele entende que as “difamações” colocadas contra o Judiciário são de uma minoria atingida em seus interesses pela Justiça. “Não estou defendendo o Judiciário em seu todo, mas denunciando uma campanha que tem objetivos bem claros. Sabemos que há erros em todos os poderes, que precisam ser ajustados.

Entretanto, não podemos misturar as coisas, sendo omissos com uma campanha que atenta, inclusive, contra a própria democracia”, enfatizou Carlos Lapa. De acordo com o deputado, até que provem o contrário, o Poder Judiciário é uma forma de defesa da sociedade. Para o parlamentar, a campanha é direcionada e atinge a independência dos poderes. “Na realidade, tudo não passa de uma tentativa de ludibriar a sociedade, desviando sua atenção da desastrosa política econômica do Governo federal”, denunciou. Segundo Lapa, não há nada de concreto nas denúncias feitas até o momento. O deputado afirmou que, em quatro anos, o governo FHC aumentou a dívida pública em 625%, resultando num acréscimo total de R$ 604 bilhões. “Por que o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, não se preocupa em abrir uma CPI para apurar esse comprometimento feito pelo Governo federal, para que sejam verificadas as falcatruas do Executivo?”, questionou. Ele solicitou um voto de desagravo ao Judiciário, “em nome da democracia”. O deputado João Paulo (PT) disse que a campanha, ao atingir a Justiça do Trabalho, procura restringir direitos dos trabalhadores. “Precisamos mostrar o que está realmente por trás desses ataques”, destacou. Para Gilberto Marques Paulo (PFL), o Poder Judiciário precisa ser controlado pela sociedade, mas não pode ser tido como bode expiatório, pois existem distorções em todos os poderes. Já Pedro Eurico (PSB) entende que o Judiciário precisa passar por um “choque de democracia”.

“Não se trata de exti nção, mas de uma crítica, pela qual já passaram os outros poderes”, argumentou.

Paulo Rubem (PT) afirmou que a campanha “dos oportunistas” tenta desvirtuar os verdadeiros objetivos de uma reforma séria do Poder Judiciário. Antônio Moraes (PSB) classificou os juízes classistas como “uma vergonha para o país” e disse que a discussão precisa ser feita de forma séria. (Marconi Glauco)