Rubem aponta erros no processo de privatização

Em 18/11/1998 - 00:11
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O líder do PT na Assembléia Legislativa, deputado Paulo Rubem, usou ontem a tribuna para pedir a transcrição em Ata do artigo da jornalista Míriam Leitão, publicado ontem pelo Diário de Pernambuco, que trata dos efeitos da escuta telefônica ilegal entre o ministro das Comunicações e o presidente do BNDES durante o processo de privatização da Telebrás.

Paulo Rubem disse, ao ler trechos do artigo na Tribuna, que “os diálogos do BNDES são uma fotografia dos defeitos da privatização brasileira: ela é feita sob os auspícios e com dinheiro do Estado. A presença da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) num consórcio é garantia de sucesso por dois motivos: ela dá o dinheiro para a compra e depois delega o poder na empresa comprada. Foi assim com a CSN e com a Vale. O Banco do Brasil distribui cartas de fiança e compra participações. O BNDES financia ou entra de sócio”.

Noutro trecho do artigo, lido pelo deputado, a jornalista diz que o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros fez o que não devia ser feito: a conversa telefônica gravada registra que ele estava no BNDES montando o consórcio, pedindo carta de fiança e até dando sugestões para a estratégia dos lances do leilão. “Não deveria ser este o papel do Estado num processo de desestatização”, completa Míriam Leitão.

Segundo o artigo, “o grande problema não é o favorecimento, nem mesmo a manipulação. É o erro original do programa (de privatização) brasileiro, que desestatiza usando o Estado para alavancar compradores”.

Segundo Paulo Rubem estas questões têm que ser respondidas pelas lideranças governamentais. “Não se pode é deixar que se use o dinheiro público para manipulações e negociatas”, encerrou. (A M)