Alepe - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco

Art. 1º Fica declarado o município de Arcoverde como a “Capital do Samba de
Coco”, no âmbito do Estado de Pernambuco.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação;

Art. 3º Revoga-se as disposições em contrário.

Autor: Julio Cavalcanti

O município de Arcoverde é considerado a porta de entrada do Sertão
Pernambucano. Com localização estratégica e clima ameno, a cidade é conhecida
por ser o berço de alguns dos mais tradicionais grupos de coco de roda do
Estado.

O samba-de-roda surgiu pelas mãos dos escravos, em sua viagem para o sertão
pernambucano, o ritmo incorporou elementos indígenas e indícios de tradições
sertanejas.

Com essa forte influência indígena, é também chamado de coco de trupé,
porque os músicos, além dos instrumentos tradicionais de percussão, valem-se
também de pesados tamancos de madeira, com os quais batem forte no chão.

Se escuta falar sobre o coco, em Arcoverde, desde os anos 60, mas foi em
1990, que Lula Calixto, mestre de coco, resgatou o ritmo e fundou o grupo Coco
Raízes, o grande expoente dessa nova roupagem. O que não impediu a criação de
outros grupos e o resgate dos mais antigos, como o da família Lopes.

Antes da introdução do trupé, o que se dançava era a mazurca. A mazurca é
uma pisada não tão rápida quanto o trupé, mas bastante forte. Antigamente, era
tocado apenas com um ganzá. Era um instrumento só, para se dançar a noite toda.
Foi a partir da década de 70, que entrou o pandeiro, o surdo e o triângulo.

Já no litoral, usa-se mais a alfaia, mais instrumentos e uma dança
totalmente diferente, é uma dança mais solta, com menos pisada, e dançada mais
em compasso.

Para Cícero Gomes, ex-integrante do Raízes e atual comandante do Coco Trupé,
“antes, o coco existia somente com os pretos, os negros. Hoje, é preto, é
branco, é louro e mulato, tudo misturado”.

O cantador ainda disserta sobre a origem do coco, afirmando que é um ritmo
brasileiro, mesmo sendo trazido pelos escravos. Tem o coco de embolada, tem o
coco de passeio, e o coco ritmado, o mais disseminado atualmente na região.

No último dia 06 de maio, a Câmara de Vereadores de Arcoverde promoveu uma
solenidade em homenagem a essas manifestações culturais com o principal
objetivo de divulgar, resgatar e aproximar a população arcoverdense de sua
principal riqueza: a cultura.

Os homenageados foram os grupos de coco em atividade na cidade como: Samba
de Coco Malhada, Grupo Quebra Coco Aliança, Samba de Coco das Irmãs Lopes, Coco
Trupé de Arcoverde e Coco Raízes de Arcoverde.

Os mestres, cantadores, puxadores acreditam que o coco é mais que um ritmo é
amor e amizade, pois sai da alma.

Dessa forma, aguardo o beneplácito de meus nobres pares na aprovação desse
projeto que reputo de suma importância para darmos o reconhecimento merecedor a
esse segmento.