
Concede o Título de Cidadão de Pernambuco post-mortem ao Arquiteto Acácio Gil Borsoi.
Texto Completo
Art.1° Fica concedido o Título de Cidadão de Pernambucano post-mortem ao
Arquiteto Acácio Gil Borsoi.
Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário.
Autor: Clodoaldo Magalhães
Justificativa
É com muita satisfação que justifico a concessão do Título de Cidadão de
Pernambuco post-mortem a um dos mestres da arquitetura moderna, Acácio Gil
Borsoi.
A arquitetura brasileira perde um dos seus maiores "maquis" (combatentes
franceses que lutaram contra a ocupação alemã), como denominou o urbanista
Lúcio Costa. Carioca de nascimento mas pernambucano de coração, terra que
adotou por 58 anos, o arquiteto e professor Acacio Gil Borsoi faleceu no dia 04
de novembro de 2009, aos 85 anos, em São Paulo, deixando como legado uma obra
numerosa e engajada - símbolo da era moderna.
Acácio Gil Borsoi, nasceu na cidade do Rio de Janeiro - RJ em 1924. Arquiteto,
urbanista e professor. Trabalhou desde muito jovem no escritório de marcenaria
do pai, Antônio Borsoi, desenhista formado pelo Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo - Laosp . Carioca radicado em Pernambuco, ele foi casado com a também
arquiteta e pernambucana Janete Costa, que faleceu em 2008.
Acácio Gil formou-se arquiteto em 1949 na Faculdade Nacional de Arquitetura da
Universidade do Brasil - FNA. Durante a graduação estagiou no escritório de
Affonso Eduardo Reidy, onde realizou o projeto do Conjunto Habitacional
Pedregulho, em 1946, e as plantas de cálculo do engenheiro Joaquim Cardoso para
o Teatro de Salvador, desenvolvido por Reidy e Alcides da Rocha Miranda.
Recém-formado, trabalhou como auxiliar de Rocha Miranda no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Sphan (atual, IPHAN),
posteriormente atuando como consultor do órgão em Pernambuco por 15 anos. É
convidado, por indicação de seu professor, Lucas Mayerhofer, para assumir a
cadeira de pequenas composições da Escola de Belas Artes de Pernambuco (UFPE),
por isso mudou-se para Recife em 1951. Reformulou o curso de arquitetura ao
lado do arquiteto português Delfim Fernandes Amorim - seu assistente na cadeira
de pequenas composições -, do arquiteto Heitor Maia Neto e do representante de
alunos Geraldo Gomes da Silva. Assumiu a cadeira de grandes composições no
lugar do arquiteto italiano Mario Russo, e permaneceu no cargo até 1979, quando
pediu demissão em repúdio à intervenção militar na escola.
Em 1960 ganhou bolsa de estudo do Itamaraty para realizar uma viagem à Europa
com o objetivo de formular a seqüência de design no curso de arquitetura, e
visitou escolas e escritórios de arquitetura e design na Dinamarca, Noruega,
Finlândia, Inglaterra, Alemanha e Itália. Assumiu em 1963 a diretoria de
engenharia da Liga Social contra o Mocambo, presidida pelo arquiteto Gildo
Guerra no governo de Miguel Arraes, em Pernambuco. Como membro do governo,
participa do Congresso Internacional de Arquitetura, realizado em Cuba naquele
ano, e trouxe na bagagem novas tecnologias para a habitação popular e
documentação sobre construção pré-moldada de uma patente checa. Pelo
envolvimento com Arraes e por essa viagem, Borsoi é preso por ordem do governo
militar em 1964.
A demanda de trabalho, antes restrita a Recife, se expande pelo Nordeste, Rio
de Janeiro e São Paulo a partir dos anos 1960, então o arquiteto mantém filiais
do escritório nessas duas cidades e em Teresina. Realizou a primeira exposição
individual de sua obra na 6ª Bienal de Arquitetura, em que recebou o Colar de
Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB, em 2005. No ano seguinte sua
obra é exposta na mostra Acácio Borsoi - Arquitetura como Manifesto, no Museu
de Arte Moderna Aloísio Magalhães - Mamam, no Recife.
Quem anda pelo Recife e se permite olhar para a paisagem do concreto urbano já
deve ter se deparado com alguma obra de Acacio Gil Borsoi. Só em Boa Viagem,
estima-se que haja cerca de 30 prédios sob sua assinatura (não foi feito ainda
um inventário de seu legado). Prédios como o Califórnia, primeiro arranha-céu
da Avenida Boa Viagem, e o Caetés, na Boa Vista, mostram formas orgânicas que
unem funcionalidade e beleza. Foi também ele quem projetou o Hospital da
Restauração, a sede do Bandepe e da Caixa Econômica. Construções que marcaram a
identidade cultural e paisagística da cidade e agora ficaram órfãs de seu
criador.
Além de Pernambuco, sua obra pode ser encontrada no Rio de Janeiro, a exemplo
do Palácio da Guanabara. Antes de partir, Borsoi deixou ainda projetos em
andamento. Entre eles, a Casa de Pernambuco na cidade de Porto (Portugal),
executada em parceria entre portugueses e descendentes no Brasil, e o Museu de
Arte Contemporânea de Campina Grande, na Paraíba.
Borsoi fez 32 mil casas no Nordeste e no Rio de Janeiro pelo extinto programa
do Banco Nacional de Habitação (BNH), nos anos 80. No Recife, desenhou as
habitações populares de Cajueiro Seco fazendo o uso racional de material barato
(taipa). Há quatro anos, recebeu prêmio Colarde Ouro, honraria máxima da
arquitetura nacional, na Bienal Internacional de Arquitetura, em São Paulo.
Deixa 5 filhos, onze netos e quatro bisnetos.
Em reconhecimento ao arquiteto Acácio Gil Borsoi pela a sua enorme contribuição
à arquitetura brasileira e a sociedade como ícone cultural, é que apresento
este Projeto de Resolução, concedendo o título honorífico de Cidadão do Estado
de Pernambuco post-mortem a esta importante figura da história da arquitetura
moderna pernambucana e nacional, tanto pelo conjunto de sua obra quanto pela
influência na formação de diversos profissionais. Pois, trata-se de ato honroso
para o nosso Estado, para nossa gente, orgulhosa, a partir de agora, em tê-lo
como filho, irmão e conterrâneo.
Pernambuco post-mortem a um dos mestres da arquitetura moderna, Acácio Gil
Borsoi.
A arquitetura brasileira perde um dos seus maiores "maquis" (combatentes
franceses que lutaram contra a ocupação alemã), como denominou o urbanista
Lúcio Costa. Carioca de nascimento mas pernambucano de coração, terra que
adotou por 58 anos, o arquiteto e professor Acacio Gil Borsoi faleceu no dia 04
de novembro de 2009, aos 85 anos, em São Paulo, deixando como legado uma obra
numerosa e engajada - símbolo da era moderna.
Acácio Gil Borsoi, nasceu na cidade do Rio de Janeiro - RJ em 1924. Arquiteto,
urbanista e professor. Trabalhou desde muito jovem no escritório de marcenaria
do pai, Antônio Borsoi, desenhista formado pelo Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo - Laosp . Carioca radicado em Pernambuco, ele foi casado com a também
arquiteta e pernambucana Janete Costa, que faleceu em 2008.
Acácio Gil formou-se arquiteto em 1949 na Faculdade Nacional de Arquitetura da
Universidade do Brasil - FNA. Durante a graduação estagiou no escritório de
Affonso Eduardo Reidy, onde realizou o projeto do Conjunto Habitacional
Pedregulho, em 1946, e as plantas de cálculo do engenheiro Joaquim Cardoso para
o Teatro de Salvador, desenvolvido por Reidy e Alcides da Rocha Miranda.
Recém-formado, trabalhou como auxiliar de Rocha Miranda no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Sphan (atual, IPHAN),
posteriormente atuando como consultor do órgão em Pernambuco por 15 anos. É
convidado, por indicação de seu professor, Lucas Mayerhofer, para assumir a
cadeira de pequenas composições da Escola de Belas Artes de Pernambuco (UFPE),
por isso mudou-se para Recife em 1951. Reformulou o curso de arquitetura ao
lado do arquiteto português Delfim Fernandes Amorim - seu assistente na cadeira
de pequenas composições -, do arquiteto Heitor Maia Neto e do representante de
alunos Geraldo Gomes da Silva. Assumiu a cadeira de grandes composições no
lugar do arquiteto italiano Mario Russo, e permaneceu no cargo até 1979, quando
pediu demissão em repúdio à intervenção militar na escola.
Em 1960 ganhou bolsa de estudo do Itamaraty para realizar uma viagem à Europa
com o objetivo de formular a seqüência de design no curso de arquitetura, e
visitou escolas e escritórios de arquitetura e design na Dinamarca, Noruega,
Finlândia, Inglaterra, Alemanha e Itália. Assumiu em 1963 a diretoria de
engenharia da Liga Social contra o Mocambo, presidida pelo arquiteto Gildo
Guerra no governo de Miguel Arraes, em Pernambuco. Como membro do governo,
participa do Congresso Internacional de Arquitetura, realizado em Cuba naquele
ano, e trouxe na bagagem novas tecnologias para a habitação popular e
documentação sobre construção pré-moldada de uma patente checa. Pelo
envolvimento com Arraes e por essa viagem, Borsoi é preso por ordem do governo
militar em 1964.
A demanda de trabalho, antes restrita a Recife, se expande pelo Nordeste, Rio
de Janeiro e São Paulo a partir dos anos 1960, então o arquiteto mantém filiais
do escritório nessas duas cidades e em Teresina. Realizou a primeira exposição
individual de sua obra na 6ª Bienal de Arquitetura, em que recebou o Colar de
Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB, em 2005. No ano seguinte sua
obra é exposta na mostra Acácio Borsoi - Arquitetura como Manifesto, no Museu
de Arte Moderna Aloísio Magalhães - Mamam, no Recife.
Quem anda pelo Recife e se permite olhar para a paisagem do concreto urbano já
deve ter se deparado com alguma obra de Acacio Gil Borsoi. Só em Boa Viagem,
estima-se que haja cerca de 30 prédios sob sua assinatura (não foi feito ainda
um inventário de seu legado). Prédios como o Califórnia, primeiro arranha-céu
da Avenida Boa Viagem, e o Caetés, na Boa Vista, mostram formas orgânicas que
unem funcionalidade e beleza. Foi também ele quem projetou o Hospital da
Restauração, a sede do Bandepe e da Caixa Econômica. Construções que marcaram a
identidade cultural e paisagística da cidade e agora ficaram órfãs de seu
criador.
Além de Pernambuco, sua obra pode ser encontrada no Rio de Janeiro, a exemplo
do Palácio da Guanabara. Antes de partir, Borsoi deixou ainda projetos em
andamento. Entre eles, a Casa de Pernambuco na cidade de Porto (Portugal),
executada em parceria entre portugueses e descendentes no Brasil, e o Museu de
Arte Contemporânea de Campina Grande, na Paraíba.
Borsoi fez 32 mil casas no Nordeste e no Rio de Janeiro pelo extinto programa
do Banco Nacional de Habitação (BNH), nos anos 80. No Recife, desenhou as
habitações populares de Cajueiro Seco fazendo o uso racional de material barato
(taipa). Há quatro anos, recebeu prêmio Colarde Ouro, honraria máxima da
arquitetura nacional, na Bienal Internacional de Arquitetura, em São Paulo.
Deixa 5 filhos, onze netos e quatro bisnetos.
Em reconhecimento ao arquiteto Acácio Gil Borsoi pela a sua enorme contribuição
à arquitetura brasileira e a sociedade como ícone cultural, é que apresento
este Projeto de Resolução, concedendo o título honorífico de Cidadão do Estado
de Pernambuco post-mortem a esta importante figura da história da arquitetura
moderna pernambucana e nacional, tanto pelo conjunto de sua obra quanto pela
influência na formação de diversos profissionais. Pois, trata-se de ato honroso
para o nosso Estado, para nossa gente, orgulhosa, a partir de agora, em tê-lo
como filho, irmão e conterrâneo.
Histórico
Sala das Reuniões, em 9 de novembro de 2009.
Clodoaldo Magalhães
Deputado
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | Concluída e Arquivada |
Localização: | Arquivo |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 26/11/2009 | D.P.L.: | 7 |
1ª Inserção na O.D.: | 09/12/2009 |
Sessão Plenária | |||
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Result. 1ª Disc.: | Data: | ||
Result. 2ª Disc.: | Data: |
Resultado Final | |||
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Publicação Redação Final: | Página D.P.L.: | 0 | |
Inserção Redação Final na O.D.: | |||
Resultado Final: | Aprovada | Data: | 09/12/2009 |
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