
Institui no Calendário Oficial do Estado de Pernambuco, o dia 19 de novembro, o dia Estadual do Cordelista.
Texto Completo
Art. 1º Fica instituído, o dia 19 de novembro, no Calendário Oficial do Estado
de Pernambuco, como o Dia Estadual do Cordelista.
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor, na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
de Pernambuco, como o Dia Estadual do Cordelista.
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor, na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
Autor: Antônio Moraes
Justificativa
A presente justificativa encontra-se totalmente embasada nos estudos e
pesquisas desenvolvidos pelo emérito jornalista Ademar Lopes Jr., cujo artigo
transcrevemos na íntegra:
Inspirada na literatura francesa de Colportage, nos romances e pliegos sueltos
ibéricos e na própria literatura de cordel portuguesa, a nossa Literatura de
Folhetos (ou de Cordel) nasceu e desenvolveu-se no nordeste brasileiro,
contando as sagas e a sabedoria do povo sertanejo. Atualmente, esta
manifestação popular pode ser encontrada em diversos pontos do país, sempre
incentivada pelas comunidades nordestinas.
O primeiro folheto de que se tem notícia foi publicado na Paraíba por Leandro
Gomes de Barros, em 1893. Acredita-se que outros poetas tenham publicado antes,
como Silvino Pirauá de Lima, mas a Literatura de Cordel começou mesmo a se
popularizar no início deste século. As primeiras tipografias se encontravam no
Recife, e logo surgiram outras na Paraíba, na capital e em Guarabira. João
Melquíades da Silva, de Bananeiras, é um dos primeiros poetas populares a
publicar na tipografia Popular Editor, em João Pessoa.
Contrariando a austera realidade do alto grau de analfabetismo, a popularização
da Literatura de Cordel no Nordeste se deu mais pelo esforço pessoal dos poetas
cordelistas, fora dos círculos culturais acadêmicos, contando suas histórias
nas feiras e praças, muitas vezes ao lado de músicos. Os folhetos eram expostos
em barbantes (daí o nome Cordel) ou amontoados no chão, despertando a atenção
do matuto que se acostumou a ouvir os temas da literatura popular de cordel em
suas idas às feiras, verdadeiras festas para o povo do sertão, nas quais podia,
além de fazer compras e vender seus produtos, divertir-se e se inteirar dos
assuntos políticos e sociais.
Pode-se falar em Literatura de Cordel como um conjunto de autores, obras e
público. O poeta cordelista, na maioria das vezes de origem humilde e
proveniente do meio rural, migrava para os centros urbanos onde passava a tirar
seu sustento da venda dos folhetos, chegando, algumas vezes, a funções de
tipógrafo e editor. Neste contexto, ele se tornava verdadeiro mediador das
concepções das classes populares nordestinas, já que compartilhava a mesma
ideologia e valores de seu público.
Os folhetos, confeccionados em sua maioria no tamanho 15 a 17cm x 11cm e, em
geral, impressos em papel de baixa qualidade, tinham suas capas ilustradas com
xilogravuras na década de 20, em substituição às vinhetas.
Já nos anos 30 e 50, surgiam as capas com fotos de estrelas de cinema
americano. Atualmente ainda mantêm o mesmo formato, embora possam ser
encontrados outros maiores.
Quanto à impressão, substituindo a tipografia do passado, hoje são usadas as
fotocópias.
Os temas da Literatura de Cordel há muito são estudados por folcloristas,
sociólogos e antropólogos, que chegam a apresentar conclusões polêmicas e
algumas vezes contraditórias quanto à sua classificação. Detalhes à parte
quanto às várias propostas, os folhetos se dividem entre os de assuntos
descritivos e os narrativos. É no primeiro grupo que estão incluídos os
folhetos de conselho, eras, corrupção, profecias e de discussão, que guardam um
certo parentesco entre si por encerrarem uma mensagem moralista, freqüentemente
ligada a uma ética e a uma sabedoria sertanejas.
Nessa área, multiplicam-se as histórias que trazem como pano de fundo a vida
dura do campo, cheia de sofrimentos, mas alheia aos desmantelos do mundo
moderno e urbano. Também se encaixam nos folhetos descritivos as pelejas entre
cantadores e poetas, as personalidades da cidade e da política (muitas vezes
encomendados pelos próprios políticos em época de eleições), os temas de
louvação ou crítica, os religiosos cantando preceitos e virtudes católicos, as
biografias ou milagres dos santos e de figuras como Padre Cícero e Frei Damião.
Há ainda os de gracejos, de acontecimentos reais ou imaginários, de bravura e
valentia como os feitos de Lampião, Antônio Silvino, Pedro Malazarte, entre
outros.
Ante esta descrição, é que vimos solicitar junto aos ilustres pares nesta Casa
Legislativa, que se dignem aprovar a presente proposição, que consideramos
justa e oportuna ao mesmo tempo.
pesquisas desenvolvidos pelo emérito jornalista Ademar Lopes Jr., cujo artigo
transcrevemos na íntegra:
Inspirada na literatura francesa de Colportage, nos romances e pliegos sueltos
ibéricos e na própria literatura de cordel portuguesa, a nossa Literatura de
Folhetos (ou de Cordel) nasceu e desenvolveu-se no nordeste brasileiro,
contando as sagas e a sabedoria do povo sertanejo. Atualmente, esta
manifestação popular pode ser encontrada em diversos pontos do país, sempre
incentivada pelas comunidades nordestinas.
O primeiro folheto de que se tem notícia foi publicado na Paraíba por Leandro
Gomes de Barros, em 1893. Acredita-se que outros poetas tenham publicado antes,
como Silvino Pirauá de Lima, mas a Literatura de Cordel começou mesmo a se
popularizar no início deste século. As primeiras tipografias se encontravam no
Recife, e logo surgiram outras na Paraíba, na capital e em Guarabira. João
Melquíades da Silva, de Bananeiras, é um dos primeiros poetas populares a
publicar na tipografia Popular Editor, em João Pessoa.
Contrariando a austera realidade do alto grau de analfabetismo, a popularização
da Literatura de Cordel no Nordeste se deu mais pelo esforço pessoal dos poetas
cordelistas, fora dos círculos culturais acadêmicos, contando suas histórias
nas feiras e praças, muitas vezes ao lado de músicos. Os folhetos eram expostos
em barbantes (daí o nome Cordel) ou amontoados no chão, despertando a atenção
do matuto que se acostumou a ouvir os temas da literatura popular de cordel em
suas idas às feiras, verdadeiras festas para o povo do sertão, nas quais podia,
além de fazer compras e vender seus produtos, divertir-se e se inteirar dos
assuntos políticos e sociais.
Pode-se falar em Literatura de Cordel como um conjunto de autores, obras e
público. O poeta cordelista, na maioria das vezes de origem humilde e
proveniente do meio rural, migrava para os centros urbanos onde passava a tirar
seu sustento da venda dos folhetos, chegando, algumas vezes, a funções de
tipógrafo e editor. Neste contexto, ele se tornava verdadeiro mediador das
concepções das classes populares nordestinas, já que compartilhava a mesma
ideologia e valores de seu público.
Os folhetos, confeccionados em sua maioria no tamanho 15 a 17cm x 11cm e, em
geral, impressos em papel de baixa qualidade, tinham suas capas ilustradas com
xilogravuras na década de 20, em substituição às vinhetas.
Já nos anos 30 e 50, surgiam as capas com fotos de estrelas de cinema
americano. Atualmente ainda mantêm o mesmo formato, embora possam ser
encontrados outros maiores.
Quanto à impressão, substituindo a tipografia do passado, hoje são usadas as
fotocópias.
Os temas da Literatura de Cordel há muito são estudados por folcloristas,
sociólogos e antropólogos, que chegam a apresentar conclusões polêmicas e
algumas vezes contraditórias quanto à sua classificação. Detalhes à parte
quanto às várias propostas, os folhetos se dividem entre os de assuntos
descritivos e os narrativos. É no primeiro grupo que estão incluídos os
folhetos de conselho, eras, corrupção, profecias e de discussão, que guardam um
certo parentesco entre si por encerrarem uma mensagem moralista, freqüentemente
ligada a uma ética e a uma sabedoria sertanejas.
Nessa área, multiplicam-se as histórias que trazem como pano de fundo a vida
dura do campo, cheia de sofrimentos, mas alheia aos desmantelos do mundo
moderno e urbano. Também se encaixam nos folhetos descritivos as pelejas entre
cantadores e poetas, as personalidades da cidade e da política (muitas vezes
encomendados pelos próprios políticos em época de eleições), os temas de
louvação ou crítica, os religiosos cantando preceitos e virtudes católicos, as
biografias ou milagres dos santos e de figuras como Padre Cícero e Frei Damião.
Há ainda os de gracejos, de acontecimentos reais ou imaginários, de bravura e
valentia como os feitos de Lampião, Antônio Silvino, Pedro Malazarte, entre
outros.
Ante esta descrição, é que vimos solicitar junto aos ilustres pares nesta Casa
Legislativa, que se dignem aprovar a presente proposição, que consideramos
justa e oportuna ao mesmo tempo.
Histórico
Sala das Reuniões, em 31 de outubro de 2005.
Antônio Moraes
Deputado
Informações Complementares
Status | |
---|---|
Situação do Trâmite: | Enviada p/Redação Final |
Localização: | Redação Final |
Tramitação | |||
---|---|---|---|
1ª Publicação: | 02/11/2005 | D.P.L.: | 9 |
1ª Inserção na O.D.: | 06/12/2005 |
Sessão Plenária | |||
---|---|---|---|
Result. 1ª Disc.: | Aprovada | Data: | 06/12/2005 |
Result. 2ª Disc.: | Aprovada | Data: | 14/12/2005 |
Resultado Final | |||
---|---|---|---|
Publicação Redação Final: | 15/12/2005 | Página D.P.L.: | 19 |
Inserção Redação Final na O.D.: | |||
Resultado Final: | Aprovada | Data: | 15/12/2005 |
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