Alepe - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco

Art 1º - Fica concedido o Título de Cidadão de
Pernambuco ao Sr. CAETANO EMANUEL VIANNA TELLES VELLOSO.
Art 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art 3º - Revogam - se as disposições em contrário.

Autor: Lula Cabral

concessão do Título de Cidadão de Pernambuco ao Cantor e Compositor Caetano
Emanuel Vianna Telles Velloso, ou simplesmente Caetano Veloso, como é conhecido
no Brasil e no Exterior, antes de se constituir em uma simples homenagem
protocolar, trata - se de um reconhecimento dos que fazem a Casa de Joaquim
Nabuco, a esse Baiano de Santo Amaro da Purificação, pela importância e pelo
amor que o mesmo demonstra para com nosso Estado, pela nossa Cultura e por
nossa gente.
Recentemente o Ilustre Professor Pernambucano Fernando Antônio Gonçalves,
escreveu um belo artigo na Coluna de Opinião do Jornal Commercio, sob o título
“ NABUCO E CAETANO. Para que os Senhores Deputados conheçam a matéria ora
citada, iremos transcreve-la a seguir: “ Confesso que as declarações de
Caetano Velloso publicadas na Continente Multicultural, Revista da Companhia
Editora de Pernambuco, me encheram de alegria, em mim provando uma vontade
danada de sopapar as fuças dos mauricinhos tabacudos, e daquelas abiloladas de
cabo a rabo, que menosprezam os feitos locais, que não acreditam nas
potencialidades da nossa gente, como se este Estado fosse uma terra de
coitadinhos, sem eira nem beira.
Saboreei na entrevista inteligentemente conduzida por Geneton de Morais Neto, o
interesse que a leitura do livro Minha Formação, de Joaquim Nabuco, despertou
no artista baiano. As respostas do Caetano bem demonstram que os ranços
regionais correm por conta das estupidezes culturais dos que se imaginam
dispensados de bagagem humanística bastando compreender bem o hoje
tecnologizado, pouco se lixando para os imperialismo culturais que nos
asfixiam. Do Tipo Americano, por exemplo, muito bem denunciado pelo Escritor
Estadunidense Roberto MacBride Allen, autor de ficção cientifica. Imperialismo
causados também por culpas múltiplas nossas. Para os lambetas do Tio Sam, o
testemunho Caetano sobre o pesar analítico de Nabuco é consagrador: “O
comentário que ele faz dos Estados Unidos da uma impressão de lucidez total,
uma total ausência de provincianismo”.
Creio que a patologia do descrédito pernambucano se deve, em grande parte, às
fanfarrices dos que, com a sem-vergonhice de algumas das nossas imodestas
manifestações de bairrismo, imaginam que é por aqui que gira o eixo central do
Universo. E com isso não é verdadeiro, terminam por irritar até os mais
crédulo, deixando-os sem nem mais admirar os talentos e os fatos de real
grandeza da região.
O historiador Evaldo Cabral de Mello, autor pernambucano do livro Olinda
Restaurada: guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654, considera Joaquim Nabuco
como “ o primeiro a articular uma visão totalizadora da nossa formação
histórica”. Um Joaquim Nabuco que não titubeou em denunciar a Igreja Católica,
escrevendo na Campanha Abolicionista: “ A deserção pelo nosso clero do posto
que o Evangelho lhe marcou foi a mais vergonhosa possível; ninguém o viu tomar
a parte dos escravos, fazer uso da religião para suavizar-lhes o cativeiro, e
para dizer a verdade moral aos senhores”. E disse mais: “ acabar com a
escravidão não basta; é preciso destruir a obra da escravidão”. De parabéns o
Mário Hélio, editor da revista Cepe. E também o José Mário Pereira da Topbooks,
que presenteou o Caetano com o livro de Joaquim Nabuco. Um presente que o fez
sentir, palavras baianas, “um quase pernambucano”. Reler Joaquim Nabuco é
pernambucanizar-se sem ufanismos débeis. É perceber com nitidez a enorme
diferença existente entre cuidar de uma região e administrar uma região. Uma
diferença com felicidade descrita pelo Cristóvam Buarque, pernambucano de rara
competência e que nos enche de muito orgulho”.
Caetano Veloso, o mais Baiano dos artistas, mesmo diante da peleja cultural
travada por Pernambuco e Bahia, precipuamente na música , vem desempenhando em
suas apresentações públicas o papel de Embaixador da Cultura Pernambucana, onde
anuncia
para quem interessar possa e com muito entusiasmo: " sinto-me quase um
Pernambucano". Motivo: O deslumbramento que lhe causou a leitura do livro
"Minha Formação" do ilustre Pernambucano e Patrono de nosso Parlamento
Estadual, Joaquim Nabuco e pela qualidade de nossa Produção Cultural.
No seu novo Show, intitulado "Noites do Norte", que está sendo apresentado em
turnê pelo Brasil, Caetano afirma " apesar de todo amor que sinto pela Bahia
gostaria de ter nascido em Recife, gostaria de ser Pernambucano" Perguntado em
entrevista à Revista Continente Multicultural, Qual a melhor novidade da
música nacional?, não titubeou, "é a Banda de Recife, Nação Zumbi. Nada demais,
se não fosse o seu comentário e sua justificativa, quando afirma: "A banda
baiana Olodum não tem condições, sequer, de lamber os pés da nossa Nação
Zumbi”.
Se num País de dimensões continentais, onde estão arraigados os regionalismos e
as disputas estaduais, em todos os âmbitos, um Artista do quilate e do valor de
Caetano Veloso, portador de uma sólida formação cultural, identificado
intrinsecamente com o seu Estado, a Bahia, e seu povo, assume publicamente o
seu desejo de ser Pernambucano e incumbe-se, voluntariamente, do papel de
Embaixador de nossa Cultura, divulgando-a e enaltecendo-a, nada mais justo do
que, nós que fazemos a Casa de Joaquim Nabuco, através deste Projeto de
Resolução, possamos, oficialmente, considerar Caetano Emanuel Vianna Telles
Velloso como nosso Irmão, tornando-o Cidadão Pernambucano.
Como já foi dito acima, Caetano Veloso aqui não nasceu, mas desejaria ter
nascido. Chegou a hora da Sociedade Pernambucana, através de seus legítimos
representantes, adotá-lo. Joaquim Nabuco, nosso Ilustre Patrono, penso,
sentir-se-á satisfeito e honrado em tê-lo como Irmão.
Diante do exposto e por uma questão de justiça, é que solicito de meus Ilustres
Pares aprovação para este Projeto de Resolução.