Alepe - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco

     Art. 1º Fica José Severino dos Santos, Mestre "Zé de Vina" declarado Patrono dos Mamulengueiros em Pernambuco.

     Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

     Natural de Glória do Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco - cidade conhecida como a capital estadual do mamulengo, o mestre mamulengueiro José Severino dos Santos, mais conhecido como "Zé de Vina", se tornou desde a década de 1950 um dos mais influentes brincantes nessa arte, tendo levado apresentações da técnica para vários estados do país, incluindo São Paulo. José era considerado o último dos mestres mamulengueiros da primeira geração, que inspirou e disseminou essa expressão artística ao longo de mais de 70 anos da sua vida.

     O nome Zé de Vina se deve ao fato de que a mãe dele, Severina Antônia da Conceição, tinha o apelido de Vina. Ainda criança, ele era levado pelo irmão Sebastião Cândido para brincar Mamulengo. O teatro de fantoche logo lhe despertou fascínio. E fez dele a razão do seu viver. Em 10 de outubro de 1957, ele criou o Mamulengo Riso do Povo, e se tornou um importante representante da arte do mamulengo, forma popular e tradicional do teatro de bonecos no Brasil, tendo aprendido o brinquedo aos 12 anos. Mestre Zé de Vina é fonte de estudos acadêmicos, colaborando com pesquisadores de todo o Brasil. Já fez inúmeras reportagens e deu centenas de entrevistas, participou de dezenas de catálogos e fez milhares de apresentações durante todo esse tempo. Seus bonecos marcaram a história das festividades da Zona da Mata de Pernambuco, onde a presença do mamulengo é forte ainda hoje. Seu teatro esteve praticamente em  todas as edições de festas tradicionais da região, nos últimos 50 anos. Sempre levando humor e diversão, ora inspirado em tipos populares do interior, ora criando personagens mágicos.

     Em 2016, Zé de Vina recebeu, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Prêmio Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. No ano seguinte, em 2017, conquistou o prêmio Cultura Populares – Edição Leandro Gomes de Barros, do antigo Ministério da Cultura.

     Na sua terra natal, mamulengueiros e artesãos decidiram homenagear o artista, dando seu nome à Escola Pernambucana do Mamulengo fundada em 2020. O local é uma forma de preservar os ensinamentos de Zé de Vina e dos outros mamulengueiros que consagraram esta arte. Desde o dia 01 de junho do corrente ano, o Museu do Mamulengo - sediado em Glória do Goitá/PE, tem feito um projeto em homenagem (a princípio em vida) para o artista, intitulado 80 anos do Mestre Zé de Vina - o derradeiro ato. O produtor Pablo Dantas, atual presidente da Associação, organizou a mostra com exposições e apresentações dos mamulengos Riso do Povo, alguns dos bonecos mais famosos de Zé de Vina, que agora fazem parte do acervo do Museu. Com apoio do Funcultura, a primeira parte das ações acontecem até novembro adaptada ao formato virtual pelo perfil @museudomamulengo. A expectativa é que a segunda parte do projeto possa ser realizada presencialmente até o dia 30 de março de 2022.

     O artesão, até então o brincante mamulengueiro mais idoso no estado, foi socorrido após um infarto, mas faleceu na madrugada desta quarta-feira (16), aos 81 anos. Por seu gigantesco conhecimento sobre a brincadeira, é reverenciado por todos os artistas, estudiosos e amantes da cultura popular brasileira.

     Sendo um dos nomes mais influentes na difusão da arte e técnica do mamulengo em todo o país, solicito o apoio dos Nobres Pares da Casa Joaquim Nabuco para a aprovação do presente Projeto de Resolução.