
Requerimento 4043/2022
Texto Completo
Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas às formalidades regimentais, que seja transcrito nos Anais da Casa, o artigo publicado no caderno Opinião, do Diário de Pernambuco, intitulado: “Pitombeira dos Quatro Cantos: 75 anos de História”, de autoria do Senhor Jairo Cabral, publicado no dia 24 de fevereiro de 2022, na página 2.
Justificativa
O artigo que solicito transcrição nos Anais desta Casa, do Caderno Opinião do Diário de Pernambuco, faz uma breve contextualização histórica da Troça Pitombeira dos Quatro Cantos, que esse ano completa seus 75 anos, e também retrata sobre a saudosa saída irreverente no período carnavalesco.
Portanto, segue, na íntegra o texto:
“Pitombeira dos Quatro Cantos: 75 anos de história
Jairo Cabral
Mestre em história pela Unicap
Em fevereiro de 1947, um grupo de jovens e animados foliões, nus da cintura para cima, carregando galhos floridos de pitomba, por entre transeuntes que tomavam as ruas da quase quinquicentenária cidade de Olinda, festejava a chegada do carnaval. No sítio histórico de arquitetura com fortes traços coloniais, de ruas estreitas, ladeiras, becos, bicas, igrejas e conventos, configuração geográfica e acústica muito propícia à execução do frevo, o espírito carnavalesco imperava. Antigas agremiações como o Clube Lenhadores, de 1907, o Vassourinhas, de 1912, a Troça Cariri, de 1921, o Clube de Alegoria e Crítica O Homem da Meia Noite, de 1932, todos em atividade, ultimavam os preparativos para sacudir as ruas durante o carnaval, à época feito pelo povo e para o povo.
Mal sabiam esses jovens foliões descamisados, dentre os quais se destacavam Alex Caldas, Foneca do violão, Hamilton de Oliveira, Juarez Lopes, Roberto Moreira e Polynice Xavier, que a improvisada, despretensiosa e irreverente brincadeira, seria a fonte inspiradora para a formação da esplendorosa Troça Pitombeira dos Quatro Cantos, que hoje em dia ainda faz pulsar mais acelerado os corações olindenses e de todas as plagas e faz tremer o casario secular da cidade, arrastando a multidão extasiada, arrebatada pela polifonia sonora do frevo genuinamente pernambucano.
A partir dos anos 1950 os integrantes da Troça passaram a desfilar fantasiados; inicialmente de palhações coloridos, depois com a indumentária de presidiários, com listas horizontais em preto e branco e em seguida de caçadores, com embornal e espingarda. Em 1953, apresentou o seu primeiro estandarte, doado pela benemérita foliã, Nair Sales, cuja estampa retratava na forma geométrica de um losango, fixado ao centro, a Rua Prudente de Morais, no Carmo, ladeada por dois cachos de pitomba, fruta nativa da região de formato arredondado, comestível e de polpa azeda. No final da década de 1950 e até recentemente, a Pitombeira passou a apresentar desfiles temáticos. Em 1960 exibiu o tema Príncipe Húngaro; em 1968 História da Nossa História; em 1976 Aquarela do Nordeste; em 1981 Olinda dos Meus Amores, sempre com muito brilhantismo e grande aclamação popular.
Alex Caldas Ferreira da Silva (1928 - 1995), compôs o Hino da Pitombeira, um dos maiores clássicos do carnaval de Pernambuco, que ultrapassou fronteiras, espalhou-se pelo mundo e foi gravado na Espanha com o título de Bola de Nieve. A letra jocosa, alegre e provocativa reflete a essência do povo pitombeirense, que se perpetua no tempo através das gerações que se sucedem. Quando a orquestra executa o hino, o coral popular de milhares de vozes canta assim:
“Nós somos da Pitombeira,
não brincamos muito mal,
se a turma não saísse
não havia carnaval.
A turma da Pitombeira
tem seis dedos em cada mão,
e o P que tem na testa
faz parte da confusão.
Pitombeira só tem dez letras
e uma significação
Pitomba é fruta besta
que se compra com qualquer tostão.
A turma da Pitombeira
na cachaça é a maior
e o doce é sem igual
como ponche é o ideal.
Bate-bate com doce
eu também quero
eu também quero
eu também quero”.
Hoje, sob o comando de Hermes Cristo Neto, (Herminho), e a labuta da diretoria e seus adeptos, a gloriosa Pitombeira dos Quatro Cantos, aos 75 anos, continua a encantar a massa foliã e a receber de braços abertos em sua sede, à Rua 27 de Janeiro, 128, aficcionados, simpatizantes e curiosos para tomar bate-bate com doce, banho de frevo e sentir a história do carnaval de Olinda. Pelo segundo ano consecutivo de pandemia, negligenciada pelo negacionismo federal e a sua turba de seguidores raivosos, de pensamento elitista e minúsculo, as ruas do Brasil estarão desertas e Momo não reinará nos braços dos autênticos amantes e amantíssimas do carnaval sem camarote e sem bloqueios privatizantes do espaço público. O ano de 2023 logo chegará e oxalá traga 13 boas novas, dentre elas o carnaval da redenção, dos 76 anos da Pitombeira preta e amarela, carregado de alegria e esperança para o povo brasileiro. Vida longa à Troça mais querida de Olinda. Evoé Pitombeira dos Quatros Cantos.”
Histórico
Teresa Leitão
Deputada
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | ENVIADO_PARA_COMUNICACAO |
Localização: | SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD) |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 09/03/2022 | D.P.L.: | 55 |
1ª Inserção na O.D.: |