Brasão da Alepe

Requerimento 3092/2021

Texto Completo

Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, que seja consignado na Ata dos Trabalhos desta Casa, no dia de hoje, um Voto de Pesar pelo falecimento do ex-vice-presidente da República, Marco Maciel, ocorrido em 12 de junho do corrente ano.

Autor: Adalto Santos

Justificativa

     Nome que dignifica a política e o espírito público, Marco Antônio de Oliveira Maciel nasceu no Recife, no dia 21 de julho de 1940. Com intensa atuação na liderança estudantil, tendo chegado à presidência da União dos Estudantes de Pernambuco, concluiu o curso na Faculdade de Direito do Recife em 1963. Antes de enveredar pela política partidária, atuou como advogado e respeitado professor de Direito. 

     Foi aqui, na Casa de Joaquim Nabuco, que teve início sua marcante trajetória política, com a eleição para o cargo de deputado estadual em 1966. Embora ainda muito jovem, sua desenvoltura o levou a se tornar líder do governo Nilo Coelho. Muito nos honra ter como um de nossos pares na egrégia Casa de Todos os Pernambucanos um parlamentar que tanto lutou pelos interesses do nosso Estado e de nossa gente, e que nunca se afastou dos princípios da ética e da causa pública, tendo alcançado postos de destaque no cenário político nacional, sempre desempenhando suas funções pautado pelo respeito às pessoas e pela dedicação ao trabalho. 

     No pleito seguinte, tornou-se deputado federal e, em 1976, assumiu a presidência da Câmara dos Deputados. Foi, aos 36 anos, o presidente mais novo da história daquela Casa. Foi titular da Comissão Permanente de Minas e Energia, bem como da Comissão Especial da Bacia do São Francisco, entre outras. 

     Em 1979, Marco Maciel foi eleito pela Assembleia Legislativa Governador de Pernambuco, tomando posse em março do mesmo ano. À frente do Executivo pernambucano, tomou como mote de trabalho o slogan “Desenvolvimento com Participação”. Dessa forma, Marco Maciel priorizou iniciativas como o Porto de Suape, com vistas à modernização da economia do Estado, o Projeto Asa Branca, de combate à seca, levando a distribuição de água para 70 cidades, distritos e vilas pernambucanas e o Projeto Viver, de apoio à população da zona canavieira. Conheceu de perto os anseios e as dificuldades da gente humilde que precisava de oportunidades, bem como esteve atento às possibilidades de desenvolvimento de Pernambuco, buscando investimentos tanto na área social, como habitação, educação, saúde e infraestrutura. Na habitação, tornou realidade o maior programa de habitação popular da historia de Pernambuco, construindo cerca de 100 mil unidades habitacionais. Na educação, criou 167 mil novas vagas para estudantes pernambucanos. Na infraestrutura, novas estradas possibilitaram desenvolvimento regionais e a conclusão do Centro de Convenções colocou Pernambuco definitivamente na rota do turismo de negócios – igualmente beneficiado pela atenção que sempre reservou às melhorias e ampliações nas pistas e nos terminais do Aeroporto Internacional dos Guararapes – Gilberto Freyre. 

     Manteve sua forte influência na política nacional, já como senador, a partir de 1983, e participou das articulações que levaram o PDS a substituir a Arena e, posteriormente, liderando uma dissidência partidária dentro do PDS que deu origem à Frente Liberal, posterior PFL e, nessa articulação, foi um dos principais personagens da Aliança Democrática que levaria Tancredo Neves à Presidencia da Republica contra Paulo Maluf, então candidato apoiado pelos militares. A vitória de Tancredo Neves no colégio eleitoral consolidou a transição democrática após o regime militar. Com a posse de José Sarney na presidência da República, foi convidado para assumir o Ministério da Educação e, depois, a Casa Civil. Na eleição seguinte, renovou seu mandato de senador da República.

     Sempre foi uma das maiores referências do ponto de vista político e na elaboração dos posicionamentos ideológicos e programáticos de seu partido, o PFL e depois Democratas. Em todas as funções que exercia, e nas formulações da razão que o tornavam cada vez mais um pensador respeitado, Marco Maciel jamais abandonou o pilar da fé e a prática religiosa, traduzida pelo credo na Igreja Católica, onde fez grandes amigos, entre os quais, Dom Helder Câmara. 

     Já reconhecido por sua notável capacidade de conciliação, o ilustre pernambucano exerceu o mandato de vice-presidente durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003. Assumiu a Presidência da República 87 vezes nos oito anos em que ocupou a vice-presidência, exercendo a responsabilidade com empenho e discrição. Mas nunca foi um mero coadjuvante. Com seu inigualável dote para a interação e o entendimento, teve papel fundamental, por exemplo, na aprovação da Lei de Arbitragem. O excelente trânsito no Congresso Nacional foi determinante para que o presidente o designasse como articulador político do governo, coordenando as negociações relativas a medidas como a extinção de obstáculos à atuação de empresas estrangeiras no país. 

     Em 2003, ocupou novamente o cargo de senador, último mandato da sua brilhante carreira política. Neste mesmo ano, saiu vitorioso numa outra eleição que atesta seu vasto conhecimento intelectual e domínio da arte da escrita, demonstrada em 28 publicações: foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, uma das mais importantes instituições culturais da América Latina, onde deixou sua marca e fez muitos amigos, como de hábito. Sua intensidade intelectual também o fez integrar outras entidades, como a Academia Pernambucana de Letras e a Academia Brasileira de Ciências Morais e Políticas, tendo sido Professor Honoris Causa do St. Thomas Aquinas College, de Nova Iorque (EUA).

     O saudoso político deixa esposa, dona Anna Maria Maciel, três filhos, Cristiana, Gisela e Joao Maurício e cinco netos, Joao Pedro, Luiza, Maria Isabel, Eduardo e Marco Antonio Neto. Seu legado de integridade, ética, lealdade e amplo diálogo é um dos mais elevados exemplos para todos os que exercem ou almejam exercer uma carreira pública, e para todos os cidadãos que precisam ver na atividade política trajetos que inspiram dignidade e confiança, como o de Marco Maciel. 

     Assim, profundamente compungido pela perda irreparável, e em nome de todos os parlamentares que compõem a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, solidarizo-me com seus familiares e amigos, neste momento de tristeza e dor. Nós, deputados estaduais, aqui representando as gerações de pernambucanos que sentem a sua falta, manifestamos nossos mais profundos votos de pesar e prestamos esta justa homenagem ao Dr. Marco Antônio de Oliveira Maciel.

Histórico

Adalto Santos
Deputado


Informações Complementares

Status
Situação do Trâmite: ENVIADO_PARA_COMUNICACAO
Localização: SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD)

Tramitação
1ª Publicação: 17/06/2021 D.P.L.: 10
1ª Inserção na O.D.:




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