Brasão da Alepe

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EMENTA: Institui, no Calendário Oficial do Estado de Pernambuco, o Dia de Frei
Damião. No mérito pela aprovação com base no substitutivo Nº 001/2013 da CCLJ.


1. RELATÓRIO

1.1- Vem a esta Comissão de Educação e Cultura, Projeto de Lei Ordinária nº.
1388/2013, de autoria do Deputado André Campos para análise e emissão de
parecer;

1.2- A proposição em discussão já recebeu parecer favorável no âmbito da
primeira comissão a quem compete analisar a constitucionalidade e legalidade da
matéria.


Frei Damião nasceu em Bozzano, município de Massarosa, Província de Lucca, na
Itália, no dia 5 de novembro de 1898. Foi o segundo dos cinco filhos do casal
Félix e Maria Giannotti, camponeses italianos de sólida formação cristã e
católica. Foi batizado na igreja dos santos Catarina e Próspero, matriz de
Bozzano, recebendo o nome de Pio Giannotti

Dois de seus irmãos seguiram a vida religiosa: Guilherme Giannotti, tornou-se
padre diocesano e depois recebeu o título de Monsenhor, destacando-se como
professor e diretor espiritual no Seminário Arquiepiscopal de Lucca-Itália; A
irmã mais nova, Pia Giannotti, tornou-se freira da Congregação das Irmãs de
Santa Zita (Zitinas).

Aos dez anos de idade, em 15 de junho de 1908, Pio Giannotti foi crismado na
Catedral de Lucca, pelo Cardeal Lorenzelli, todavia, o dia de sua Primeira
Comunhão foi o mais especial, após a experiência que teve diante de Jesus
Crucificado, que o marcou pelo resto de sua vida. Segundo o testemunho de uma
de suas irmãs, Josefa, após a missa da Primeira Comunhão, o pequeno Pio
Giannotti desapareceu, sendo depois encontrado ajoelhado diante de um
crucifixo que Ele mesmo colocara no sótão da casa, onde guardavam os
mantimentos para o inverno, rezando e chorando a paixão de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Eis porque durante toda a vida, jamais se separou do crucifixo. A
partir desse momento começou a externar os primeiros sinais de sua vocação, com
o desejo de consagrar-se inteiramente a Deus.

Aos 13 anos de idade (17 de março de 1911), ingressou no Seminário Seráfico de
Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Aos 17 anos (em julho de 1915), emitiu os primeiros votos, recebendo o nome de
Damião, Frei Damião de Bozzano, indicando sua cidade de origem.

Sendo professo simples na Ordem dos Capuchinhos, Frei Damião iniciou o estudo
da Filosofia, no entanto em setembro de 1918, foi convocado para ingressar no
serviço militar, em razão da Primeira Guerra Mundial. Ficou acampado em Zara,
uma zona de conflito.
Ao término da guerra, Frei Damião retornou para o convento selando para sempre
com o Senhor, o compromisso de viver em castidade, em obediência e sem nada de
próprio, conforme a Regra de São Francisco de Assis e as Constituições da Ordem
dos Frades Menores Capuchinhos.

No ano de 1920, iniciou estudo da Sagrada Teologia. A seguir, foi enviado à
Universidade Gregoriana de Roma, onde concluiu os estudos, com láurea em
Direito Canônico e Teologia Dogmática.

Em 5 de agosto de 1923, Frei Damião foi ordenado sacerdote na igreja do antigo
Colégio São Lourenço de Bríndisi, em Roma.

Dois anos após a sua ordenação, Frei Damião de Bozzano foi nomeado vice mestre
de noviços de sua Província religiosa (Lucca, na Itália).

Em 1926, foi nomeado diretor e professor dos frades estudantes, cargo que
exerceu até 1931, ano de sua vinda para o Brasil.

Em 28 de maio de 1931, partiu da cidade de Gênova, no navio Conte Rosso,
acompanhado do Frei Inácio de Carrara e Frei Bento de Terrinca, como
missionário para o Nordeste do Brasil, desembarcando no porto do Recife, em 17
de junho de 1931, sendo eleito Assistente (Conselheiro) da então Custódia Geral
dos Capuchinhos de Pernambuco.

Em Pernambuco, sua primeira residência foi o Convento de Nossa Senhora da
Penha, donde partiu para pregar as Santas Missões, começando pelo Sítio Riacho
do Mel, município de Gravatá-PE, a 80 km da capital.

Desde então, durante 66 anos, percorreu como fiel filho de São Francisco as
secas, o Nordeste brasileiro, enfrentando sol, chuva e poeira nas estradas,
pregando, confessando, celebrando a Eucaristia e convidando à conversão e à
mudança de vida.

Para melhor difundir a mensagem por ele anunciada, escreveu o livro “Em Defesa
da Fé”.

Durante esse tempo morou em Recife, Maceió (no período da Segunda Guerra
Mundial) e em Natal (onde fez parte da primeira Fraternidade, ou seja, do
primeiro grupo de frades que residiram na capital potiguar).

Mas, a maior parte do tempo era em andanças de cidade em cidade, que paravam
para ouvir e celebrar a Palavra de Deus proclamada pelo Frei Damião. Era sempre
recebido com festa e tratado com muito carinho como ele mesmo afirmava. Porém,
fazia questão de dizer que tudo aquilo não era para ele, mas para Deus de quem
o povo o via como mensageiro. Não pregava a si mesmo, mas o Evangelho de Cristo.

Frei Damião, antecedido por outros tantos abnegados capuchinhos missionários
no Nordeste, desenvolveu um estilo próprio de evangelização, através das Santas
Missões.

A Missão geralmente começava na segunda-feira terminava no domingo. Havia
encontros específicos com mulheres, homens, jovens e catecismo para as
crianças, visitas aos doentes e aos encarcerados. O encerramento dava-se no
domingo com a procissão dos motoristas e bênção dos automóveis pela manhã e, á
noite, o grande sermão com os últimos conselhos do missionário. Tinha uma
pregação de conteúdo moral e apologético, propondo, assim, demonstrar a verdade
da doutrina cristã católica, defendendo-a diante de teses contrárias, ou seja,
sistematizando a fé cristã católica, sua origem, credibilidade e autenticidade.

Ao cair da tarde, o missionário era recebido á entrada da cidade e conduzido,
geralmente em carreatas, à igreja matriz, ali dirigia as primeiras palavras à
multidão que esperava, sedenta, ouvir a voz do Peregrino de Deus. Frei Damião
confessava mais de 12 horas por dia, celebrava com o povo o Sacramento do
Perdão de Deus. Com carinho paterno, jeito terno e, às vezes, severo, ele
orientava os corações para Cristo.

Como companheiros de missões, Frei Damião teve o apoio de Frei Antônio de
Terrinca, Frei Cipriano de Ponteccio, Frei Eduardo de Strettoia, Frei Félix de
Pomezzana e aquele que por mais de 50 anos esteve a seu lado, Frei Fernando
Rossi.

Frei Damião era de uma resistência extraordinária. Até 1990, pregou missões no
mesmo ritmo, de segunda a domingo, de 10 de janeiro a 31 de dezembro, parando
apenas quando estava doente e, mesmo no hospital, não deixava de atender ao
povo. Arrastava multidões.

Era querido pelo povo, não falava simplesmente à multidão, mas ao coração de
cada um em particular. Por isso, acolhia a todos sem distinção, do rico ao
pobre, do letrado ao analfabeto, era irmão de todos, e a todos exortava a
viverem na amizade de Deus e a abandonarem o pecado. Ouviu a alma do nosso povo
e não somente os pecados, mas as dores e as alegrias. Jamais se separou do
crucifixo, nem do rosário da mãe de Deus. Como autêntico franciscano, alicerçou
sua vida missionária sobre os principais pilares da espiritualidade
franciscana: a Cruz, a Eucaristia e Maria.

Durante muito tempo, Frei Damião sofreu de erisipela, devido à má circulação
sanguínea. E no ano de 1990, após ter sofrido uma embolia pulmonar, diminuiu o
ritmo das Santas Missões, passando apenas para os finais de semana. Na
simplicidade de um quarto, na casa que lhe fora construída como enfermaria,
viveu seus últimos dias, cercado pelo carinho do seu povo que, aos milhares,
vinha ao seu encontro. Mas, em 1997, sua saúde agravou-se bastante, e sua
última Santa Missão foi na cidade de Capoeiras/PE, em fevereiro de 1997.

No dia 13 de maio, sofreu um derrame cerebral sendo levado para a UTI. No dia
31 de maio, às 19h20, Frei Damião partiu para a casa do Pai, aos 98 anos de
idade, cercado pela oração de seus confrades, da equipe médica que dele cuidara
e sob a melodia de cânticos e hinos.

O corpo de Frei Damião foi velado na Basílica de Nossa Senhora da Penha, no
centenário bairro de São José, em Recife-PE. Os governos federal e estadual
declararam luto oficial. E ao longo de três dias de velório, mais de 300 mil
pessoas enfrentaram filas quilométricas, passando até cinco horas para chegar
ao local do velório, a fim de dar-lhe o último adeus. Personagens de renome
fizeram-se presente ao velório, desde clérigos, religiosos e religiosas,
políticos, artistas a fiéis comuns. A morte do “Missionário do Nordeste” foi
anunciada pelos principais meios de comunicação do país e do estrangeiro,
especialmente na sua terral natal, a Itália, e até mesmo na Rádio Vaticano.

No dia 04 de junho de 1997, o corpo de frei Damião foi levado em carro aberto
até ao Estádio do Arruda, para a missa solene de despedida, presidida pelo
arcebispo metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, OC., e
concelebrada por dezenas de bispos e centenas de padres. Do estádio, em
helicóptero, foi transportado para o Convento São Félix de Cantalice, no bairro
do Pina, em Recife-PE, onde vivera seus últimos anos de vida. Ali, na capela
dedicada à Nossa Senhora das Graças, foi sepultado sob cânticos, aplausos e
pétalas de rosas.
Desde o sepultamento, todos os domingos, muitos fiéis, romeiros e romeiras,
advindos dos mais diversos recantos do Nordeste e de outras partes do País,
alguns até do exterior, visitam o túmulo de Frei Damião, para rezar e suplicar
a Deus uma graça por sua intercessão.

A fama de santidade de Frei Damião espalha-se a cada dia. Afirmam os confrades
contemporâneos de Frei Damião que sua fama de santidade já começara na Itália,
destacando-se como frade piedoso e zeloso sacerdote, entregue à oração, à
contemplação e de profunda identificação com o carisma capuchinho de viver em
fraternidade, segundo a forma do Santo Evangelho.

Aqui no Brasil, destacou-se, além disso, por sua resistência como confessor,
sua sabedoria como pregador e sua convicção das verdades de fé que anunciava,
deixando-as transparecer pelo seu exemplo de vida, e também por sua
identificação franciscana com os pobres e desvalidos do Nordeste, terra tão
sofrida e marcada pelas intempéries do tempo e das injustiças sociais. Por
isso, valeu-se do dom da escuta, para acolher e ouvir a todos que o procuravam,
na partilha sincera de suas vivências e nos sussurros ao pé do ouvido feitos
por muitos que não tinham voz nem vez, e que Frei Damião em prece levava ao
coração de Deus.

Atualmente, está em trâmite, no Vaticano, o seu Processo de Beatificação e
Canonização. O processo foi aberto, aqui no Brasil, em 2003 e encerrado em
2012. O clima agora é de expectativa, a qualquer momento o Vaticano pode
declarar a sua beatificação.


Ante ao exposto, em conformidade com o artigo 99, II, do Regimento Interno
opinamos, com base no substitutivo 001/2013 da CCLJ, que seja aprovado o
Projeto de Lei Ordinária nº. 1388/2013, de autoria do André Campos

Presidente: Teresa Leitão.
Relator: Gustavo Negromonte.
Favoráveis os (3) deputados: Adalto Santos, Gustavo Negromonte, Julio Cavalcanti.
Favoráveis com restrições os (0) deputados: .
Contrários os (0) deputados: .

Presidente
Teresa Leitão
Efetivos
Francismar Pontes
Gustavo Negromonte
Julio Cavalcanti
Terezinha Nunes
Suplentes
Adalto Santos
Antônio Moraes
Mary Gouveia
Raimundo Pimentel
Raquel Lyra
Autor: Gustavo Negromonte

Histórico

Sala da Comissão de Educação e Cultura, em 28 de maio de 2013.

Gustavo Negromonte
Deputada


Informações Complementares

Status
Situação do Trâmite: Enviada p/Publicação
Localização: Publicação

Tramitação
1ª Publicação: 31/05/2013 D.P.L.: 6
1ª Inserção na O.D.:

Sessão Plenária
Result. 1ª Disc.: Data:
Result. 2ª Disc.: Data:

Resultado Final
Publicação Redação Final: Página D.P.L.: 0
Inserção Redação Final na O.D.:
Resultado Final: Data:


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