Trajetória política de Guilherme Uchoa marca história da Assembleia Legislativa

Em 17/08/2018
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Uma trajetória política iniciada e construída nos corredores da Casa Joaquim Nabuco. Assim foi a história de Guilherme Aristóteles Uchoa Cavalcanti Pessoa de Melo, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco por seis mandatos consecutivos. Ao todo, foram quase 24 anos de atuação no Parlamento Estadual, consagrando a vida pública na única função eletiva que ocupou. A morte do deputado, aos 71 anos, no dia 3 de julho, em decorrência de edema pulmonar seguido de parada cardíaca, causou grande comoção. Em Reunião Solene realizada nesta semana, vários parlamentares, amigos e familiares prestaram  homenagem à memória de Guilherme Uchoa. O atual presidente da Casa, deputado Eriberto Medeiros, do PP, comentou a responsabilidade de substituí-lo no cargo. “É um grande desafio para qualquer pessoa ter que suceder em uma Casa Legislativa, principalmente nesta Casa, ter que suceder uma pessoa como foi Guilherme Uchoa, como pessoa, como deputado, como presidente daqui que teve mandatos consecutivos que muito engrandeceram esta Casa e o Legislativo Pernambucano.”

Guilherme Uchoa era bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e juiz aposentado. Natural de Timbaúba, na Mata Norte, ele foi eleito pela primeira vez em 1994 e, logo após a posse, foi escolhido primeiro vice-presidente da Mesa Diretora. Já no segundo mandato, elegeu-se primeiro-secretário. Nas eleições de 2006 se tornou o deputado estadual mais votado pelo PDT, com cerca de 53 mil votos. O perfil conciliador fez com que fosse escolhido presidente da Alepe em fevereiro de 2007, cargo que ocupou até falecer. As características nobres do parlamentar foram enaltecidas pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara. “Uma pessoa que sempre buscou conciliar e avançar nas ações legislativas, sempre tendo um diálogo muito franco e transparente com o Poder Executivo. Guilherme vai fazer muita falta, mas está deixando também muitos exemplos de obstinação, de trabalho, de seriedade.”

As principais ações de Guilherme Uchoa, especialmente no período em que coordenou os trabalhos do Poder Legislativo, marcaram a história da instituição. Sob a gestão dele, a Mesa Diretora desenvolveu processos de modernização da Alepe e de valorização dos funcionários. É o que explica o presidente do Sindicato dos Servidores no Poder Legislativo do Estado de Pernambuco, Marconi Glauco. “Nós tivemos uma boa parceria com o presidente da Casa e essa parceria resultou em coisas positivas para a Casa e para os servidores da Assembleia, como a gente pode citar o concurso de 2014, que foi na gestão do presidente. Nós também conseguimos implantar um plano de cargos e salários da categoria nesse período com o presidente Guilherme Uchoa, além de outras conquistas que nós tivemos.”

Outro marco na trajetória do ex-presidente foi a inauguração, em junho de 2017, do Edifício Miguel Arraes de Alencar, novo prédio-sede da Assembleia Legislativa. No local, funcionam o Auditório Senador Sérgio Guerra e o Plenário Governador Eduardo Henrique Accioly Campos. O primeiro-secretário da Casa, deputado Diogo Moraes, do PSB, relembra o legado do companheiro de gestão. “Guilherme defendia este Poder, defendia os amigos, defendia os deputados, defendia a harmonia entre os Poderes e isso fez com que a gente pudesse ter uma relação estreita. A perda de Guilherme é uma perda irreparável não só para a minha pessoa, mas para Pernambuco e, como disse o presidente da Unale que esteve aqui recentemente,  para o Brasil, porque era uma referência muito importante.”

Mas a herança do ex-presidente no campo pessoal é a mais lembrada pela família, como explica o filho, Guilherme Uchoa Júnior. “O problema é que meu pai nunca fez política, na verdade ele nunca foi presidente da Assembleia, ele foi sempre amigo dos deputados, amigos dos servidores e amigo das pessoas. Para ele, a política era um instrumento de fazer amizade.”  Pela morte, Governo do Estado, Poder Legislativo e outras instituições decretaram luto de cinco dias. Mas a memória dele vai ser sempre lembrada no Plenário da Alepe, onde a tribuna ganhou o nome de Presidente Guilherme Uchoa.