Pernambuco aplicou em saúde pública recursos da ordem de três bilhões de reais, somados os dados dos dois primeiros quadrimestres de 2018. Os relatórios foram apresentados à Comissão de Saúde pelo secretário estadual da pasta, Iran Costa, nessa quinta. O gestor pontuou que os investimentos representam cerca de 14,5% da receita do estado, número que supera os 12% exigidos pela Constituição, apesar da crise econômica e do aumento de demanda.
Na avaliação do secretário, a melhoria dos indicadores de saúde depende, principalmente, do investimento na atenção básica. A taxa de resolutividade, quando não há necessidade de hospitalização, gira em torno de 25%. “Tratar diabetes, tratar a hipertensão, tratar a infecção, vacinar. A prevenção é o caminho. A medicina, para tratar, tem se tornado muito cara e pouco eficiente. Os municípios ficaram com a maior parte da atenção básica, praticamente 80% de toda a saúde, mas, no Pacto Federativo não foram contemplados com investimentos”.
Iran Costa defendeu a vinculação de mais repasses aos municípios com mecanismos de acompanhamento da gestão dos recursos. Outro exemplo de como a atenção básica sobrecarrega a rede estadual são os partos. O gestor disse que 70 mil dos 107 mil partos realizados em Pernambuco foram em unidades da rede estadual, que deveria ficar responsável apenas pelos procedimentos de alto risco.
Os acidentes de moto também foram apontados como gargalo. A estimativa de gastos é de 500 milhões por ano. Trinta por cento dos leitos de UTI são ocupados por motociclistas, com média de internamento de 29 dias ao custo de 120 mil reais por paciente.
A presidente da Comissão de Saúde, deputada Roberta Arraes, do PSB, sugeriu ações conjuntas com o Poder Legislativo. “ O Estado e o Brasil gastam tanto com acidentes e pessoas sequeladas. Não é só a questão financeira, mas emocional também. Muitos chegam a óbito e outros ficam com sequelas para o resto da vida. Então, isso acende uma luz vermelha para os deputados que continuam nessa casa, para que a gente possa ter políticas públicas, e leis também, para que a gente possa coibir esse número de acidentes de moto”.
O secretário defendeu leis que impeçam, por exemplo, que o meio de transporte seja utilizado por mais de uma pessoa. Outra ação conjunta proposta foi uma campanha para aumentar a doação de órgãos. Embora o Estado seja destaque nacional, a taxa de recusa, conforme a Secretaria, ainda é de 40%.
Já na interiorização da saúde foram destacadas a inauguração do Centro de Oncologia do Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, no Agreste Central, prevista para o próximo sábado, e a habilitação da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Dom Tomás, em Petrolina, no Sertão do São Francisco.