Resumo do Plenário: deputados repudiam discurso de ódio na campanha presidencial

Em 24/09/2018
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Uma paródia de funk comparando as mulheres de esquerda a cadelas foi entoada durante uma passeata em apoio ao candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, no último domingo, na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O episódio foi repercutido na Reunião Plenária dessa segunda, pela deputada Teresa Leitão, do PT, e por Edilson Silva, do PSOL. Eles repudiaram o ocorrido, e lamentaram a escalada da violência e do discurso de ódio na campanha eleitoral. Teresa afirmou que, no lugar de uma disputa de ideias, o que se vê são ataques violentos em espaços públicos:

“O que nós merecemos, segundo os seguidores desse fascista, o que nós merecemos – a CUT inclusive já fez a sua nota de repúdio, porque ela é nominalmente citada – é pão com mortadela, e comida na tigela, e somos comparadas com cadelas. É isso que a gente quer para o Brasil? Me envergonha muito que as ruas da nossa cidade tenham sido palco de tamanha insensatez.”  

Teresa Leitão também registrou o episódio da agressão sofrida pelo artista plástico Paulo Bruscky num bar do Recife, no último fim de semana. Segundo a deputada, Bruscky, de 69 anos, foi atacado por clientes do estabelecimento após fazer um discurso em defesa do ex-presidente Lula. Na reunião dessa segunda, Edilson Silva, também repudiou o conteúdo da música tocada no evento político em apoio a Jair Bolsonaro. Na avaliação do deputado, fatos como esse só podem ser contidos com uma reação da sociedade: 

“O mesmo DNA que está agora chamando, generalizando as mulheres de cadelas, é o DNA que estava lá no “Fora Dilma”, quando chamava a presidente da República de “quenga”, e muitas pessoas toleraram. Então, isso é uma escalada de desrespeito que não vai parar.”

Os deputados assinaram um documento da Comissão de Defesa da Mulher da Alepe em repúdio à execução da música contendo insultos às mulheres, durante a passeata no Recife.

Nessa segunda, Edilson Silva ainda denunciou que os índios Pankararus, de Pernambuco, estão sofrendo graves agressões por parte de posseiros. O parlamentar esteve no último fim de semana em Tacaratu, no Sertão do São Francisco, onde constatou a situação:

“Pude ver a rede de abastecimento de água dos indígenas toda depredada, um ato de terrorismo que foi feito contra o abastecimento de água para os indígenas, e ameaças de morte, áudios dizendo que querem numa bandeja a cabeça dos Pankararus, escolas sem funcionar, postos de saúde sem funcionar, porque está um clima de guerra contra a população indígena.”

A Comissão de Cidadania da Alepe vai encaminhar ao Governo do Estado ofício pedindo reforço no policiamento nas terras indígenas.