População vulnerável é quem mais sofre com a tuberculose em Pernambuco

Em 15/02/2019
-A A+

Tosse por mais de três semanas, febre baixa, emagrecimento e suor noturno. Esses são alguns dos sintomas da tuberculose. Apesar de ter cura, por meio de um tratamento relativamente simples, a doença foi  a causa da morte de 400 pessoas em Pernambuco no ano de 2018, entre os mais de 4 mil pacientes que receberam o diagnóstico. As vítimas fatais geralmente fazem parte da população de baixa renda.

O Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, esforço conjunto de pesquisadores, ativistas e Governo Federal, tem por meta zerar as mortes até 2035. A coordenadora do Programa de Controle da Tuberculose da Secretaria Estadual de Saúde,  Cândida Ribeiro, explica que a medicação para combater a bactéria que causa a doença é fornecida gratuitamente pelo SUS. O tratamento dura no mínimo seis meses.

Na primeira fase, chamada de ataque, o paciente toma quatro drogas em um único comprimido por dois meses. Depois, vem a fase de manutenção, que dura mais quatro meses. Cândida alerta para a necessidade de concluir o tratamento. “Na fase de ataque, os pacientes melhoram muito. Os sintomas chegam em alguns casos a desaparecer. Aí as pessoas acham que estão curadas e começam a negligenciar o restante do tratamento. Tomar dia sim, dia não, ou achar que não é importante tomar. Quando você não conclui o tratamento, mesmo já estando sem sintomas, a possibilidade da doença voltar muito mais forte do que antes é bem grande.”

O contágio da tuberculose se dá de pessoa para pessoa pela tosse, espirro e pelas gotículas de saliva da fala. Por isso, é recomendado proteger a boca com um lenço ao tossir ou usar máscaras protetoras para evitar a contaminação. Além do poder público, a sociedade civil organizada também trabalha no combate à enfermidade. A organização não governamental Gestos, sediada no Recife, integra a Parceria Brasileira Contra a Tuberculose e o Comitê de Enfrentamento à Tuberculose em Pernambuco.

De acordo com o representante da ONG, Jair Brandão, o estado é um dos que tem maior incidência da infecção no Brasil.“A tuberculose é a doença oportunista que mais mata pessoa com Aids no mundo. Ainda é um problema sério. No Brasil, Pernambuco é um exemplo, ou um mau exemplo, porque tanto Pernambuco quanto Recife estão nos primeiros lugares no Brasil em relação à prevalência da tuberculose e também em óbitos.”

A questão da incidência da tuberculose em pacientes soropositivos foi discutida na Alepe em 2015 durante os trabalhos da Comissão Especial de Combate ao HIV/Aids, Tuberculose e Hepatite. De acordo com a então presidente do colegiado, deputada Teresa Leitão, do PT, a baixa imunidade deixa esse grupo mais suscetível à infecção pulmonar, principalmente quando há interrupção no uso dos medicamentos antirretrovirais.

A parlamentar diz que moradores de rua e pessoas que cumprem pena em unidades prisionais também são vulneráveis por conta das condições a que são submetidas. “Os moradores de rua pela exposição ao sol, ao frio, com alimentação precária, às vezes até sem alimentação. Tudo isso contribui. E o nosso sistema carcerário é um paiol de pólvora. A superlotação, a falta de higiene, a dificuldade em banhos de sol, toda a rotina do sistema carcerário aliada à falta de medicação também contribui para isso.”

Jair Brandão, da ONG Gestos, acrescenta que as condições precárias com que vivem as parcelas mais pobres da população fazem com que a doença se dissemine com mais facilidade. “Infelizmente, a tuberculose hoje é uma doença da pobreza. Não estigmatizando quem é pobre, pelo contrário. Colocando que por falta de acesso à saúde de qualidade, por falta de acesso a saneamento básico, por falta de acesso a informações como campanhas e por falta ainda da sociedade saber que a tuberculose ainda é um problema de saúde pública, ainda temos muitas pessoas morrendo pela tuberculose.”

O diagnóstico é feito em todos os postos de saúde pela coleta da secreção que sai na tosse. Os remédios para o tratamento também são distribuídos nos postos. Para outras informações, a Secretaria Estadual de Saúde oferece o telefone 3184-0202 e o e-mail tuberculose.pe@gmail.com.