ONU lança Relatório Mundial sobre Drogas na Alepe

Em 26/06/2017
-A A+

CRIME - Relatório aponta ligação entre drogas, corrupção e terrorismo. Foto: Roberto Soares

CRIME – Relatório aponta ligação entre drogas, corrupção e terrorismo. Foto: Roberto Soares

Duzentas e cinquenta milhões de pessoas usavam algum tipo de droga em 2015. Desse número, quase 30 milhões apresentavam quadro de dependência. Os dados fazem parte do Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, apresentado nessa segunda, na Assembleia. O evento teve como objetivo debater políticas e estratégias de combate ao uso de entorpecentes, e contou com a participação de representantes de órgãos federais, estaduais e municipais ligados ao tema. O deputado Pastor Cleiton Collins, do PP, que presidiu os trabalhos, enfatizou a importância de aproximar o assunto da pauta do Poder Legislativo: “Há 14 anos, a gente faz o Mutirão pela Vida no Dia Internacional de Combate às Drogas. É uma forma de incentivar as entidades, as comunidades terapêuticas. A Assembleia abre esse espaço justamente para a gente debater o mal que a droga vem fazendo e a Casa Joaquim Nabuco está aberta para isso, na elaboração das leis.”

Esta foi a primeira vez que o Relatório Mundial sobre Drogas da ONU foi apresentado no Nordeste. O documento oferece uma visão global sobre o uso das substâncias, e também analisa a oferta e a demanda de entorpecentes, como explica o representante da ONU sobre Drogas e Crime, Rafael Franzini: “Este ano, em particular, nós temos um capítulo temático sobre a relação entre o tráfico de drogas, o crime organizado, a corrupção e o terrorismo. As pessoas que usam drogas, o número continua sendo estável, embora tenhamos mudanças com respeito a algumas substâncias. Temos aprofundado estudos que mostram o impacto de algumas drogas, em particular, à saúde.”

De acordo com a ONU, a hepatite C é a doença que mais afeta usuários de drogas injetáveis. Das 12 milhões de pessoas apontadas pelo relatório, mais da metade apresentou a enfermidade. O número de mortes por hepatite C supera em três vezes o do HIV, que é responsável por 60 mil mortes. O estudo da ONU também aponta que opióides, como a heroína, foram o tipo de droga mais nocivo, com 70% do impacto negativo na saúde do usuário.

Representantes da sociedade civil também participaram do evento. Integrante do movimento Mães contra o crack, a dona de casa Estela Maria de Azevedo perdeu o filho de 31 anos de idade há quatro meses, devido a uma crise de abstinência. Ela cobrou mais políticas de inclusão para quem luta contra o vício. “Depois que saiu de lá, do tratamento, não conseguiu mais emprego, porque ninguém dá. Se diz que tem vaga ali para ex-dependente, mas quando você bate na porta, a porta é fechada.”

A iniciativa proposta pelo Pastor Cleiton Collins na luta contra as drogas foi elogiada pelos deputados Sílvio Costa Filho, do PRB, e Adalto Santos, do PSB, na reunião plenária. Os parlamentares acrescentaram que as entidades religiosas cumprem um papel importante na recuperação dos dependentes químicos, e merecem mais apoio do Poder Público.