O caso de João Alberto Silveira Freitas, homem negro espancado até a morte em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, no Sul do País, foi repercutido durante reunião da Comissão de Cidadania da Alepe, nesta quarta. A presidente do Colegiado, deputada Jô Cavalcanti, do mandato coletivo Juntas, do PSOL, repudiou a violência e o racismo sofrido pela vítima, além de prestar apoio às manifestaçõe antirracistas que estão sendo realizadas após o episódio, que ocorreu na última quinta, véspera do Dia da Consciência Negra. “Em algumas falas de alguns representantes nacionais, o racismo é coisa que é importada dos Estados Unidos e a gente sabe que isso não é verdade. A gente passa por um processo estrutural no Brasil, onde vem acontecendo vários casos e esse caso de João Alberto é um desses casos que vem acontecendo frequentemente.”
A deputada também cobrou explicações sobre a repressão policial sofrida por manifestantes que participaram de um ato antirracista no Carrefour de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, no último sábado, dia 21. Já a deputada Clarissa Tércio, do PSC, afirmou que as agressões a João Alberto não foram motivadas porque ele era negro e lembrou a lista dos antecedentes criminais da vítima. A parlamentar ainda acrescentou que é preciso parar de dividir as pessoas pela cor da pele. “Ele tinha várias passagens pela Polícia, era um agressor de mulheres, era um homem descontrolado e ele estava lá também agredindo outras pessoas, ele foi contido. Repito, sou contra o que aconteceu, contra a violência, mas a gente não pode ficar de certa forma, colocando esse caso para defender uma outra categoria, por conta da pele dele.”
Na mesma linha, o deputado Joel da Harpa, do Podemos, disse que apesar de reconhecer que o preconceito existe no Brasil, ele acredita que o lema “vidas negras importam” caiu no País de paraquedas diretamente dos Estados Unidos. O parlamentar afirma que este não é o momento de se apegar à questão da cor da pele. “Porque a população branca começa também agora a se sentir um pouco acuada, com esse discurso da autovalorização do negro, da autoproteção do negro, vocês sabem que o preconceito no nosso País não é só com o negro, a gente tem preconceito com tudo, várias esferas da sociedade.”
Em contrapartida, o deputado João Paulo, do PCdoB, argumentou que nada poderia justificar a violência sofrida por João Alberto e que a cor da pele teve sim papel central no caso. Ele lamentou os pronunciamentos dos deputados que pensam o oposto. “Porque a divisão da sociedade está aí, colocada. Se você pegar um emprego. Quem é que está mais nas prisões, são os negros. Quem é que tem um menor índice de educação, são os negros e alguns que conseguem fugir, mas a sociedade da forma que está organizada, ela leva a essa desigualdade, isso tem características históricas. É uma pena que o nosso deputado Joel desconheça a sua história, principalmente.”
O vídeo completo da reunião da Comissão de Cidadania está disponível no canal da TV Alepe no Youtube, acesse www.youtube.com/alepenatv.