O direito e o acesso à informação por pessoas surdas em Pernambuco foram debatidos em reunião realizada na Alepe, nessa quarta. O encontro foi promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência. O presidente da Associação de Surdos de Pernambuco, René Ribeiro, criticou a falta de intérpretes no sistema de saúde. Como Ribeiro não se comunica pela fala, a intérprete Dione Monteiro traduziu o que ele expressou por meio da Língua Brasileira dos Sinais, LIBRAS. “Eu chego no Hospital e não tem um intérprete pra eu me comunicar. Como não tem intérprete, às vezes eu sinto uma dor, às vezes eu sinto algumas coisa, eu sou surdo, eu não tenho como explicar isso. Aí fica difícil. Eu posso tomar um remédio errado, piorar, ficar tonto, sentir dificuldade. Por quê? Porque falta comunicação.”
Geovanne Sales, também surdo, relatou problemas de comunicação no Detran. Ele não conseguiu tirar a carteira de motorista porque o órgão não conta com intérpretes para traduzir a prova. O Conselheiro da Associação de Surdos de Pernambuco, Bernardo Klimza, lamentou a falta de debate sobre o tema em instituições públicas e afirmou que ações educativas devem ser a prioridade na área. Em resposta, a representante da Secretaria de Educação do Estado, Sunnye Rose, destacou o que vem sendo feito pelo Governo Estadual. “Nós temos o CAS, o Centro de Apoio ao Surdo, no qual a gente disponibiliza para a comunidade geral os cursos de libras. Nós temos também os cursos de instrutor. Nós temos os professores intérpretes em todas as salas. Ou seja, hoje quando chega uma pessoa surda matriculada em qualquer escola onde ele quiser ele vai ter um professor intérprete.”
Dispor de professores para o atendimento especializado é uma das previsões da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Outros direitos, como o acesso pleno à informação, ainda não são colocados em prática, segundo denúncias feitas na reunião. O vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB, Mateus Costa, esclareceu a quem cabe a fiscalização. “O Ministério Público, mas não só. O Poder Legislativo também tem meios de fiscalizar o que está sendo feito aqui. E a própria sociedade civil organizada. E claramente o compromisso do Poder Executivo.” A Coordenadora da Frente Parlamentar, deputada Terezinha Nunes, do PSDB, prometeu cobrar ações do Ministério Público quanto à presença de intérprete de LIBRAS nos hospitais.