Problemas no abastecimento d’ água por carros-pipa em municípios do Semiárido pernambucano foram discutidos em uma audiência pública da Comissão de Agricultura, nessa quinta. A redução da quantidade de veículos e de viagens, o uso de critérios políticos para a escolha das comunidades atendidas e as fraudes foram algumas das queixas relatadas. Zelandyio Santos, comerciante do município de Paranatama, no Agreste Meridional, disse que a população tem sido obrigada a pagar caro pela água. “São pessoas de baixa renda, sem condições financeiras de comprar, que, muitas vezes, utilizam dinheiro do Bolsa Família para essa água. Paga mais ou menos 100, 150 reais por um caminhão-pipa. No próprio município tem água, mas em poços.”
O chefe da Operação Carro-Pipa do Comando Militar do Nordeste, general Pedro Fioravante, garantiu que não houve uma redução significativa do número de caminhões contratados nos últimos anos. Na avaliação do gestor, estados e municípios também precisam se comprometer para que a população não seja ainda mais penalizada. “Nós temos uma portaria interministerial, entre o Ministério da Integração e o Ministério da Defesa, que elenca todas as atribuições dos atores envolvidos na operação. Com as dificuldades econômicas que os estados e municípios vem sendo acometidos, há uma falta de recurso e esses programas são paralisados. E das ações complementares das quais nós estávamos sendo responsáveis, nós passamos a ser os protagonistas da distribuição de água”.
Ainda de acordo com o general, é de responsabilidade dos municípios apontar as localidades da zona rural a ser atendidas pelo programa federal. Representantes de prefeituras e de Câmaras de Vereadores presentes à audiência se queixaram desse sistema, que, segundo eles, pode gerar retaliações a comunidades onde o prefeito eleito teve poucos votos.
A audiência pública foi solicitada e presidida pelo deputado Rodrigo Novaes, do PSD. O parlamentar propôs montar um grupo de trabalho na Comissão de Agricultura para monitorar o uso dos caminhões e servir de canal entre a população e o Exército. “A gente vai dar sequência ao trabalho para manter a qualidade do serviço prestado pelo Exército, compreendendo a necessidade dessa população que sofre com a estiagem que já se prolonga por mais de oito anos”.
O general Fioravante se comprometeu a incluir no programa de carros-pipa localidades dos municípios de Itaíba, Carnaubeira da Penha e Paranatama. Ele também destacou ações de combate a fraude, como o uso de GPS para rastrear a entrega da água. De 2015 para cá, cerca de 300 empresários foram descredenciados.