O adiamento, pela segunda vez, da votação do projeto que acaba com a cláusula de barreira nos concursos da área de segurança pública gerou reações na reunião plenária da Assembleia Legislativa, nesta terça. O quórum necessário para votação do projeto é de 25 deputados presentes, o que não ocorreu. O presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, do PSDB, anunciou aos candidatos de concursos presentes em plenário que o projeto vai ser incluído novamente na pauta desta quarta. O parlamentar ainda criticou a posição de parlamentares governistas.
“Eu espero que amanhã tenha quórum, mas se não for votado amanhã, na próxima semana será pautado novamente, vamos continuar pautando e não é possível que o governo vai querer continuar travando todos os projetos que estão vindo para essa Casa.”
A deputada Delegada Gleide Ângelo, do PSB, lamentou o esvaziamento do plenário e cobrou urgência na aprovação. “A gente não desistiu não. A gente vai continuar colocando em pauta e eu não tenho dúvida que a gente vai aprovar esse projeto. Essa indignação é de todo o estado de Pernambuco, porque na hora a gente precisa, a gente sabe colocar lá o 190 e cadê os policiais?”
Cayo Albino, do PSB, responsabilizou a governadora Raquel Lyra pela falta de quórum. “Essa manobra política tem nome e sobrenome, que é o Governo Raquel Lyra, ao fazer uma manobra para esvaziar essa Casa aqui, e tirar o que eu sempre defendo para esta Casa, que é a autonomia dos deputados.”
Waldemar Borges, também do PSB, destacou que a obstrução não tem sido feita pela Oposição na Alepe. “Muitas questões não seriam votadas se a oposição fosse irresponsável e se retirasse do plenário ou não comparecesse ao plenário. Portanto, que se registre que está se inaugurando uma forma de impedir a votação desta Casa que não foi inaugurada pela oposição. Embora nós sejamos minoria, mas podemos obstaculizar qualquer votação do governo se usássemos, ou se usarmos esse tipo de artifício.”
Joel da Harpa, do PL, demonstrou indignação diante da movimentação dos colegas governistas e questionou a motivação por trás da interferência na votação. “Esta Casa tem independência, não é uma Casa submissa a nenhum dos poderes. Cada deputado tem seu perfil e o direito ao seu voto. O que não pode é fugir da votação.”
Diogo Moraes, do PSB, afirmou que o Legislativo vive um fato inusitado, ao assistir uma manobra do Governo para evitar a aprovação, em segundo turno, de um projeto que na votação inicial foi aprovado por unanimidade. “Quando você tem uma posição, eu acho que alguns colegas devem ter respeito em dizer alguma coisa. Porque vai ter que chegar o dia que vai ter que colocar a cara nesse Plenário, e vão ficar se escondendo até quando?”
Júnior Matuto, do PL, também responsabilizou o Governo do Estado por esvaziar a reunião plenária e acrescentou que é preciso ter coragem para enfrentar a atual gestão. “Em toda plenária esse projeto vai entrar e pode até não ser aprovado, mas vocês vão saber quem é que está contra o povo pernambucano, e aí quero dizer a vocês, eu vim aqui porque eu tenho compromisso, compromisso com aqueles que me procuraram, mas mais ainda compromisso com o povo que me colocou aqui.”
Sileno Guedes, do PSB, repudiou a ausência dos colegas governistas e questionou até quando seria mantido o que chamou de falta de respeito aos candidatos que esperam pela aprovação. Dani Portela, do PSOL, registrou posição favorável ao projeto e pediu apoio dos colegas no momento em que a matéria for votada.