A denúncia sobre uma rede de blogs e perfis que estariam agindo de forma articulada para difamar parlamentares e instituições ganhou novos elementos. Na reunião plenária desta quarta, o deputado Álvaro Porto, do PSDB, revelou investigação que aponta o secretário-executivo de Informações Estratégicas do Governo de Pernambuco, Manoel Medeiros Neto, como o autor de ataques feitos contra a deputada Dani Portela, do PSOL. O presidente da Alepe revelou detalhes da apuração realizada pela Superintendência de Inteligência da Casa. O setor constatou que, no dia 9 de agosto, o servidor comissionado teria utilizado uma lan house em um shopping no Recife para preparar o material contra a parlamentar.
“Estamos tratando de fatos e de um acervo probatório contundente. A Suint obteve imagens do assessor da governadora em ação na sua prática delituosa às custas do tesouro estadual. Reuniu também informações do computador usado por ele, o que confirma de onde partiu a denúncia contra a deputada Dani Portela.”
Para o presidente da Alepe, a ação do assessor para “constranger uma deputada estadual” fere a Constituição. Ele informou que todo o material obtido na investigação será disponibilizado para os deputados, a CPI, a imprensa e a justiça. Dani Portela detalhou os impactos que a denúncia anônima disseminada em blogs e redes sociais teve sobre a carreira e a vida pessoal dela. Segundo a deputada, o conteúdo teria sido enviado por e-mail a todos os gabinetes parlamentares da Alepe e disparado massivamente por contas de um aplicativo de mensagem.
“A partir dalí, o meu número pessoal de telefone foi exposto, e com a exposição do meu número veio uma onda de ódio, de xingamentos, de ameaças, e eu cheguei a ouvir se ‘não tinha medo de amanhecer com boca cheia de formigas’.”
Ela também anunciou que vai procurar o delegado-geral da Polícia Civil para entrar com uma notícia-crime.
Para Diogo Moraes, do PSDB, todas as evidências apresentadas demonstram a necessidade da CPI. Waldemar Borges, do MDB, se disse estarrecido com as provas apresentadas pelo presidente da Alepe. “O que esse secretário-executivo do governo comanda, porque na verdade, o que se desenha é um comando de uma grande rede, o comando ele formula, ele estabelece as estratégias, ele até redige textos e a partir daí isso é jogado para uma grande rede com objetivo de ofender as pessoas, de tentar atingir a honra de uma maneira absolutamente criminosa.”
Já o deputado Wanderson Florêncio, do Solidariedade, defendeu a governadora e afirmou que ela será a primeira pessoa a tomar providências se os fatos forem comprovados. Por outro lado, destacou que a gestora não vai entrar no que ele chamou de “jogo partidário”. “Que a CPI de fato possa investigar, a CPI possa se posicionar como um colegiado que vai de fato esclarecer todas as dúvidas. Nós não temos dúvidas do perfil da governadora, deste governo. O que não pode existir é uma CPI que esteja montada simplesmente para atacar. O que o PSB fez na última semana aqui é de se escandalizar. A sociedade pernambucana vem acompanhando o que aconteceu, de deputados históricos saindo do partido em um movimento para se tornar prepostos em outros partidos.”
A deputada Socorro Pimentel, do União, abraçada à colega Dani Portela, declarou solidariedade a ela, mas fez uma defesa da governadora Raquel Lyra. “Iremos refutar tudo o que venha fazer a ligação do gabinete da governadora Raquel Lyra – da governadora Raquel Lyra – com esse fato que está acontecendo. Dizer que a dor nos une, a gente talvez possa sentir também a dor que a governadora também sente, de todos os ataques que ela está recebendo por parte desta Casa.”
Outros 17 parlamentares presentes em Plenário também se manifestaram sobre o tema.
Coronel Alberto Feitosa, do PL, comemorou a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que irá apurar os desvios do INSS. Ele enalteceu a escolha de oposicionistas para a coordenação dos trabalhos da comissão. Com três votos de vantagem, o senador Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais, foi eleito presidente e indicou como relator o deputado Alfredo Gaspar, do União de Alagoas. O parlamentar se demonstrou esperançoso com a condução da investigação.
“Quero crer que vai ser feita a justiça àquelas pessoas que estão no sol e na chuva, esperando para assinar um documento e receber parte do que foi roubado.”
João Paulo, do PT, repercutiu a audiência da Comissão de Administração Pública, realizada nesta quarta, sobre a mobilidade urbana. No encontro, foram denunciados os problemas do transporte público na Região Metropolitana, com relatos de precariedade na infraestrutura, falta de segurança e altas tarifas. No caso dos condutores, foram apontados os baixos salários e a dupla função. João Paulo defendeu a proposta de Tarifa Zero, que permite o uso gratuito do transporte público, argumentando que é uma opção viável e necessária.