A biografia de um dos homens públicos de maior destaque na cena política nacional, o ex-deputado, ex-governador e ex-ministro Eduardo Campos, foi reverenciada, nesta segunda, em reunião solene promovida pela Assembleia Legislativa. O Legislativo pernambucano se soma a outras instituições públicas do país para marcar a ocasião dos dez anos da morte do ex-governador, em homenagem proposta pelo líder da oposição na Casa, deputado Diogo Moraes, do PSB. A cerimônia, realizada no Auditório Sérgio Guerra, contou com a participação de deputados, autoridades, personalidades do mundo político, e da viúva de Eduardo, Renata Campos. O prefeito do Recife, João Campos, e o deputado federal Pedro Campos, do PSB, filhos de Eduardo, também compareceram à solenidade.
O presidente da Alepe, Álvaro Porto, do PSDB, destacou a liderança e o espírito democrático de Eduardo Campos como governador do Estado. “Ele manteve uma excelente relação com o Legislativo, optando sempre pelo diálogo, pelo entendimento, valorização dos deputados e respeito à independência da Assembleia. Aliás, este mesma postura o ex-governador manteve com os demais poderes constituídos. Mesmo fazendo oposição a Eduardo, todas as vezes que o procurei, fui sempre atendido com atenção e gentileza, o que só reforça a genuína disposição que ele tinha para o diálogo e para a resolução de problemas.”
Para Diogo Moraes, Eduardo foi um gestor excepcional, estadista visionário e agregador e, sob sua liderança, Pernambuco conheceu um novo tempo, com obras e realizações que o posicionaram entre os grandes nomes da política brasileira. “A verdade é que todos nós perdemos com a ausência de Eduardo. Todos nós. Toda a sociedade brasileira perde hoje com a falta de Eduardo Campos. Isso fica ainda mais claro agora, dez anos após sua partida, quando vivemos um mundo cada vez mais polarizado ideológica e politicamente, carecendo de diálogo, empatia leveza e respeito ao próximo, qualidades que Eduardo sempre demonstrou em toda a sua vida pública. Infelizmente, senhoras e senhoras, Eduardo Campos foi o melhor presidente que o Brasil nunca teve”.
Pedro Campos analisou que o pai segue muito atual e atemporal, como exemplo de gestor público de excelência: “E, aqui na Assembleia Legislativa, ele deixou, também, um grande exemplo de atemporalidade quando ele veio aqui propor como deputado a isenção da UPE, da universidade pública, e depois voltou, 14 anos depois, como governador, e fez a isenção. Isso é atemporal. Isso é ligar o discurso à prática, mostrar que a política deve ser feita com verdade”.
João Campos afirmou que relembrar as histórias do pai faz bem à política, especialmente num tempo em que, considerou, há tanta gente fazendo da política um espaço de falta de credibilidade, disfunção, ataque, ódio e mágoa. “O que combina com a essência da política é poder olhar para uma história como a de Eduardo e ver a essência da política como se dá: é poder botar para moer para quem precisa, é botar a máquina para moer não para os graúdos, mas para quem precisa, como ele fez e nos ensinou.”
Durante a solenidade, houve a exibição de um vídeo com registros históricos da trajetória política do ex-governador. Um dos momentos destacados foi o primeiro discurso feito por Eduardo como deputado estadual, em 1991, no Plenário do Palácio Joaquim Nabuco. O então parlamentar fez a defesa de centenas de trabalhadores da fábrica da Maguary, então ameaçados de demissão. Outro destaque do mandato lembrado no vídeo foi a presença de Eduardo no ato de resistência ao despejo de mais de 2.700 moradores de Sítio Grande, no Recife. Na ocasião, Campos e o então deputado João Paulo, que faziam parte da oposição e apoiavam a comunidade, foram agredidos por policiais durante a ação de reintegração de posse da área.
Ainda como parte da cerimônia, os convidados assistiram à apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, formado por servidores da Alepe, entoando canções de autores pernambucanos.