Relatos de condições precárias de atendimento e trabalho, além de insatisfação com propostas do Governo, marcaram a Audiência Pública sobre a situação do Sassepe, o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco, nesta terça. No encontro, realizado pela Comissão Especial em Defesa dos Profissionais da Enfermagem, todas as falas foram unânimes em expor a precariedade do sistema e a urgência para a reestruturação. O descredenciamento de unidades de saúde, o que reduz a rede de atendimento, foi um dos principais problemas abordados. Em muitos casos, a medida acarreta a descontinuidade dos tratamentos, como ocorreu com a mãe de Daniele Carla. “Minha mãe, que tem 78 anos, usuária de oxigênio contínuo e tratada como um objeto. É vergonhoso ter uma pessoa que trabalhou 37 anos no Estado, deu sua vida pro Estado e, veja que ironia, na Secretaria de Saúde. Há dois meses minha mãe não tem serviço de assistência psicológica.”

Presidente da Associação Civil de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado, Florentina Cabral afirmou que o Sassepe tem quase 175 mil beneficiários, sendo mais de 60% acima de 50 anos. Ela descreveu a realidade do sistema. “Nós temos dificuldades na marcação das consultas, nós temos dificuldades nos exames, nós temos dificuldades nas cirurgias, temos dificuldades em todo tipo de procedimento, porque a rede credenciada suspende o atendimento, e a rede própria não é suficiente para suprir a demanda do Sassepe.”

A Comissão de Justiça aprovou, nesta terça, um projeto do Poder Executivo que prevê a reestruturação do sistema. Entre as iniciativas estão o aumento do aporte mensal do Governo, de 13 para 18 milhões de reais, e o pagamento de dívidas no valor de 250 milhões. Mas uma medida foi ponto de insatisfação: o aumento da alíquota de contribuição dos usuários. Apesar de a proposta também aumentar de 30 para 39% a contribuição do Estado no financiamento do sistema, entidades defendem que o percentual seja pelo menos, paritário entre servidores e Governo.

O deputado João Paulo, do PT, criticou o reajuste da contribuição sem reajuste de salários. José Patriota, do PSB, disse que o projeto deve ser debatido com os servidores. Participaram do encontro, ainda, o deputado Luciano Duque, do Solidariedade, e representantes de servidores e profissionais de saúde.

As Secretarias Estaduais de Saúde e de Administração não enviaram representantes. Presidente da Comissão Especial, o deputado Gilmar Júnior, do PV, criticou as ausências. “A gente não está encontrando nem transparência, nem diálogo, nem construção em conjunto com os servidores. Ouvir os servidores, construir junto com os servidores e com os usuários é participar de uma audiência como esta. Audiência pública é o canal de comunicação entre o povo, o Governo e o Legislativo.”

Entre as reivindicações apresentadas para o Sassepe estão ainda a realização de concurso público, a reforma do Hospital dos Servidores e aquisição de equipamentos.