A Comissão Itinerante da Mulher realizou Audiência Pública, na última terça, na Câmara Municipal de Agrestina, no Agreste Central. Em parceria com o Comagsul – Consórcio de Municípios do Agreste e da Mata Sul de Pernambuco, a iniciativa reuniu autoridades e representantes da sociedade civil para discutir questões como igualdade de gênero, empoderamento feminino e enfrentamento à violência doméstica.
Presidente da Comissão da Mulher, a deputada Delegada Gleide Ângelo, do PSB, é a responsável por coordenar as visitas itinerantes do Colegiado, que percorrerá as 12 regiões de desenvolvimento de Pernambuco, ao longo dos próximos três anos. A ideia é pensar e mobilizar políticas públicas voltadas para o empoderamento feminino e sensibilizar gestores públicos para implementação de ações efetivas de enfrentamento à violência contra as mulheres.
“Foi um momento de escuta, um momento de a gente juntar os municípios que fazem parte do Comagsul e discutir a importância da política pública pra gente enfrentar essa violência. Se a gente não se juntar, se a gente não se unir e se a gente não somar forças, todos os municípios junto com o Estado, toda a rede, a gente não vai vencer a violência.”
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 18,6 milhões de mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de violência em 2022. Desse total, 65,6% eram mulheres negras. O agressor, na maior parte dos casos, é ex-companheiro ou atual parceiro da vítima. Já o maior espaço de violência, geralmente, é a própria casa da vítima, com 53,8% de ocorrências relatadas.
Em Pernambuco, segundo os dados da Secretaria de Defesa Social, já foram registrados 42.202 boletins de ocorrência de violência doméstica e familiar só em 2023. Outro dado é que apenas 15 dos 184 municípios pernambucanos possuem Delegacia da Mulher.
Única mulher eleita para a Câmara Municipal de Agrestina, composta por onze vereadores, Emília Alves, do PSB, ressaltou a importância de discutir a igualdade de gênero nos espaços de poder. “O potencial de mulheres na política é pouco e precisamos, unidas, que esse potencial aumente cada vez mais. Ter um espaço de mulheres na Câmara é fundamental.”
Integrante da Comissão de Defesa e Direitos das Mulheres, ligada à Secretaria da Mulher de Agrestina, Renata Santos ressaltou que é possível, a partir de uma sistematização efetiva de dados, estabelecer políticas públicas mais assertivas e direcionadas à população feminina. “É um momento também pra gente ter muita troca de experiência na construção dessa política. Isso fortalece ainda mais, só tem a melhorar, a trazer mais ganhos, faz com que a gente reflita também sobre o que ainda precisa melhorar, o que é que dá pra implementar a partir desse diálogo que a gente vai tendo com esses gestores.”
Também participante da audiência, a secretária de Políticas para Mulheres de Caruaru, Luana Marabuco, falou da experiência do município no desenvolvimento de ações e iniciativas voltadas para o empoderamento feminino. “Trouxe a exitosa experiência de Caruaru como experiência para as gestoras, de estar com equipamentos novos na Secretaria de Políticas para as Mulheres, um centro de referência de políticas pras mulheres na mesma rua da Delegacia da Mulher, da vara de violência doméstica e familiar, inaugurando um novo centro de qualificação só pras mulheres.”
O presidente do Comagsul e prefeito de Altinho, no Agreste Central, Orlando José, destacou que o consórcio intermunicipal, formado por 23 cidades, está empenhado com a causa da mulher e tem trabalhado para efetivar políticas públicas integradas para a área. Antes do encontro de Agrestina, a Comissão Itinerante da Mulher já promoveu reuniões em Goiana e Carpina, ambas na Mata Norte.