Alepe reúne especialistas e discute combate ao analfabetismo

Em 23/08/2023
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O analfabetismo atinge 11% da população pernambucana acima dos 15 anos. O dado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, a Pnad, do IBGE, mostra que estamos acima da média nacional, de 5,6%, e também revela que Pernambuco permanece estagnado no mesmo percentual desde 2018. Professores, parlamentares e gestores reunidos em uma Audiência Pública promovida pela Assembleia Legislativa, nesta quarta, debateram estratégias para levar e, principalmente, manter adultos em sala de aula.

O Governo do Estado quer dobrar a quantidade de estudantes do EJA, segundo a gerente de políticas educacionais do campo da Secretaria de Educação, Waldênia Carvalho. Ela disse que idosos pretos e pardos são os mais atingidos, com índice que chega a 30%, mas a população-alvo inclui outros grupos. Nós temos ainda o desafio dos assentamentos, dos acampamentos, dos povos quilombolas, dos povos indígenas, dos ciganos, que a gente ainda precisa ter um olhar muito mais cuidadoso pela itinerância, e demais grupos itinerantes que estão nessa luta pelo território e pela terra, e nas periferias urbanas, bairros, e aí eu queria destacar os presídios, porque a gente tem um atendimento especial aos presídios”.

Parcerias com prefeituras e a reabertura de escolas de referência no horário noturno também foram citadas pela gerente.

Na avaliação de Ronildo Oliveira, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, o fechamento das turmas EJA observado nas escolas de referência é resultado do que chamou de política da meritocracia: com metas a bater para garantir os bônus, muitas unidades fecharam as portas para alunos fora da idade convencional. Inaldo Lucas, da União Brasileira de Estudantes, também considerou o modelo de educação integral pouco inclusivo para quem precisa conciliar estudos e trabalho.

O Secretário de Educação de Camaragibe, Mauro Silva, trabalhou durante 10 anos no Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação. Ele  acredita que a discussão precisa ir além da abertura de vagas porque mesmo no período em que o país contou com uma política nacional que atendia duas mil pessoas a cada ciclo, os resultados foram muito aquém do esperado. “A gente precisa na educação de jovens e adultos trabalhar na perspectiva de públicos específicos, com metodologia específica, com currículos específicos, para que a gente possa dar conta, para que elas efetivamente aprendam, que elas cresçam nesse processo”.

Mostrar ao aluno e ao professor quais mudanças a educação pode promover na sociedade é essencial, na visão da representante da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação, Maria Luíza Aléssio. O que a gente precisa oferecer para um adulto que decide, depois de um dia de trabalho, tomar um banho e sentar na frente da televisão para descansar, ir para uma escola, ou para uma sala de uma associação é mostrar para ele que ele pode ter um projeto de vida, e a gente só pode ter um projeto de vida se que está na frente dele também acredita naquilo”.  

O deputado João Paulo, do PT, que propôs a Audiência Pública, acredita que é preciso avançar nos debates, e incluir problemas como o preconceito e a exclusão digital que pode aumentar o abismo entre os mais pobres e empregos melhores.