
RECONHECIMENTO – A homenageada realiza importante trabalho social em Brasília Teimosa desde a década de 1970. Ao lado dela, os deputados João Paulo (PT) e Rosa Amorim (PT). Fotos: Giovanni Costa.
Natural do Crato (CE), a irmã Maria Aurieta Duarte Xenofonte foi agraciada com título de cidadã pernambucana. Concedida pela Alepe, a titulação foi realizada nesta quarta-feira (16), no Auditório Sérgio Guerra, e reuniu religiosos, amigos e admiradores do trabalho social que ela vem desenvolvendo há anos no Centro Educacional Profissionalizante do Flau, localizado na comunidade de Brasília Teimosa (Recife/PE).
Fruto de uma proposição do ex-deputado Isaltino Nascimento (PSB), o título foi entregue pela parlamentar Rosa Amorim (PT). “Por todo esse trabalho que ela tem feito nas comunidades recifenses, quero registrar que a irmã Aurieta já é uma cidadã do nosso Estado. São muitos anos dedicados à luta pela transformação do povo, e esse título só reforça o quão inestimável é sua contribuição a Pernambuco”, disse a petista.

HONRARIA – “Entrega do título reforça contribuição inestimável de Irmã Aurieta a Pernambuco”, afirmou Rosa Amorim.
“É uma alegria imensa ter nosso trabalho reconhecido pela Alepe. Estamos há muitos anos em Brasília Teimosa e na Ilha de Deus, e o mais gratificante de tudo isso é ver crianças e adolescentes, que estavam lá no início da nossa missão, ocuparem papéis de lideranças e coordenarem nossas ações nas comunidades. Vemos que essas pessoas estão lutando e prosperando. É uma luta que rende grandes frutos”, disse a homenageada.
A cerimônia contou com as apresentações do Coral Vozes de Pernambuco e do Maracatu Nação do Flau Filhos de Olorum. Estiveram presentes: deputado João Paulo (PT), Suetônio Gonçalves (diretor de Patrimônio de Brasília Teimosa), padre Fábio dos Santos (representando a Arquidiocese de Olinda e Recife), Maria Luíza Martins Alessio (presidente Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife) e o pastor Risomar Bezerra (Segunda Igreja Batista de Brasília Teimosa).
Trajetória – Formada em Comunicação Social (UFPE) e Psicologia Social (Fafire), a irmã Laurieta, como é mais conhecida, chegou à Brasília Teimosa em 1974. Acolhida pelo padre Roberto (OMI), ela se integrou à Comunidade Intercongregacional, que contava com a participação das religiosas Ir. Denize (americana), Ir. Jô (irlandesa) e Ir. Maragareth (belga).
Em Brasília Teimosa, a irmã Aurieta se dedicava inteiramente à organização do povo, que ainda sofria fortes indícios da repressão militar. Também organizava o Conselho de Moradores, com Moacir Gomes e todo o povo, além disso ajudava no fortalecimento das lutas pela permanência e posse da terra. Juntamente com as demais irmãs da congregação, teve uma presença ativa na construção das Vilas Gomes, Prata e Teimosinho.

CELEBRAÇÃO – Solenidade contou com apresentação do Maracatu Nação do Flau Filhos de Olorum.
Trabalho Social – Em 1982, a religiosa fundou a Turminha do Flau. Instituição da sociedade civil e sem fins lucrativos, o espaço tem como objetivo a educação para o trabalho. Suas ações iniciais eram voltadas para as necessidades básicas. À época, crianças e adolescentes iam às ruas para vender o picolé de saquinho, que na comunidade é conhecido como flau.
No ano de 1983, através de um pedágio, tomou conhecimento da existência da Comunidade da Ilha de Deus e de todas as suas necessidades. Já parceira de uma instituição de filantropia alemã, ela passa a comandar dois projetos: Turma do Flau e Escola Saber Viver Ilha de Deus. Ambos eram apoiados pela Aktionskreis Pater Beda, capitaneada por Frei Beda, antigo amigo da irmã Aurieta do Seminário de Olinda, onde morou no começo da sua vida religiosa, logo após ter vindo do Ceará.

RESULTADOS – “É muito gratificante ver como as pessoas estão lutando e prosperando”, disse a Ir. Aurieta.
Ao celebrar dez anos, em 1992, os dois projetos ganharam de presente o primeiro fogão industrial, uma cozinha mais ampla e um novo refeitório. Durante esse período, eram atendidas 60 crianças e adolescentes com idade entre 7 e 14 anos, com atividades de fabricação e venda de picolé, reforço escolar, catequese, cidadania, visitas domiciliares e alimentação.
Com a ajuda de Frei Beda e dos amigos alemães, construíram a Escola Saber Viver, e posteriormente algumas casas para as pessoas. Aos poucos o povo ia conquistando seu espaço e tomando mais consciência dos seus direitos. Com o projeto das casas de alvenaria, os próprios moradores construíam suas casas. Recebiam do Aktionskreis Pater todo material necessário, transportavam de barco até a Ilha, e pagavam à Escola Saber Viver com peixe e crustáceos para melhorar a alimentação das crianças que eram atendidas pela instituição.
Anualmente, 350 crianças e adolescentes são atendidas pela Turma do Flau. Com uma alimentação de qualidade, a instituição oferece reforço das atividades pedagógicas em parceria com as escolas.