Juntas questionam modelo de Carnaval para 2022

Em 14/12/2021 - 19:12
-A A+

APARTHEID – Jô Cavalcanti posicionou-se contra a exclusividade de eventos privados e a “possível repressão policial” às celebrações de rua. Foto: Roberto Soares

Titular do mandato coletivo Juntas (PSOL), a deputada Jô Cavalcanti pautou, na Reunião Plenária desta terça (14), o debate sobre a realização do Carnaval em 2022, diante do momento epidemiológico e das necessidades das cadeias culturais e produtivas envolvidas. Ela repercutiu, ainda, a audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura para discutir a questão.

A parlamentar frisou que o Comitê Científico do Consórcio Nordeste já se pronunciou contra a realização da festividade, mas o decreto do Governo do Estado em vigor permite eventos com até 7,5 mil pessoas. Ela se posicionou contra um provável “apartheid”, com a exclusividade de eventos privados e a uma “possível repressão policial” às celebrações de rua.

“As festas da periferia vão poder acontecer ou só a classe média e os ricos, que terão condições de pagar por eventos fechados, poderão ter Carnaval? Como o Governo vai garantir infraestrutura para essas festas? Quais espaços vai viabilizar?”, indagou a psolista.

Jô Cavalcanti observou que mais de um milhão de pessoas em Pernambuco vivem em situação de extrema pobreza, inclusive por conta da pandemia, e a cultura no País perdeu mais de 600 mil postos de trabalho. “O Estado, em vez de aumentar os recursos da área para fazer frente às dificuldades, está operando em 2021 com o menor orçamento dos últimos dez anos. O total pago, até agora, foi de R$ 22 milhões, enquanto em 2012 chegou a R$ 126 milhões. Já os valores referentes aos ciclos festivos deste ano foram zero”, criticou.

De acordo com a titular das Juntas, faltam políticas consistentes do Governo do Estado e os investimentos no setor vêm da Lei Aldir Blanc, verba emergencial e federal. Ela ainda lamentou a ausência, na audiência pública, de representantes da Secretaria de Saúde de Pernambuco.

O pronunciamento foi apoiado pelo deputado Alberto Feitosa (PSC), que discursou na sequência: “Então só vai ter Carnaval para quem pode pagar? O que acontecerá com os maracatus, cirandas, xaxados e baiões, que não participam das festas fechadas? O pessoal que vive da cultura e os artistas que atuam em festas populares ficarão sem trabalhar?”, perguntou.