Juntas questionam despejos no percurso da Ferrovia Transnordestina

Em 24/11/2021 - 14:11
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MISSÃO – “Devemos colocar as pessoas como prioridade, não o lucro”, disse Jô Cavalcanti. Foto: Nando Chiappetta

A retomada das obras da Ferrovia Transnordestina, após décadas de interrupção, representa risco de despejo para cerca de 4,5 mil famílias de dez municípios pernambucanos. A questão preocupa a deputada Jô Cavalcanti, das Juntas (PSOL), que foi à tribuna, na Reunião Plenária desta quarta (24), pedir ao Governo do Estado para intermediar a situação com os órgãos federais responsáveis pelo projeto.

De acordo com a titular do mandato coletivo, serão afetados moradores do Recife e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana, além de Escada, Ribeirão, Gameleira, Joaquim Nabuco, Palmares, Catende, Jaqueira e Maraial, na Mata Sul. As cidades são cortadas pelos trilhos da Rede Ferroviária Federal Eixo Recife-Sul.

A parlamentar repercutiu o ato promovido por moradores da comunidade de Freixeira, distrito de Escada, em frente à Alepe nesta manhã. “Quase 80% dos habitantes devem ser despejados, fazendo com que essa localidade desapareça. São mais de 130 famílias ameaçadas”, relatou. “Essas pessoas vão ter que deixar suas casas para dar passagem à linha férrea, quando há outras soluções possíveis, como o desvio do trajeto pelo canavial.”

Jô também revelou que as ordens de despejo não preveem indenização e, tampouco, as populações estão sendo encaminhadas a novos locais pelas gestões municipais, estadual ou federal. “Em Pernambuco, o déficit habitacional chega a 326 mil unidades. O dado é da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias. Não podemos deixar mais gente sem casa”, observou.

“Não somos contra a obra da Transnordestina, entendemos ser justo e importante privilegiar o transporte coletivo de passageiros e de carga”, prosseguiu. “Nossa missão é colocar as pessoas como prioridade, não o lucro ou os interesses das empresas.” A deputada cobrou a efetivação da Lei Estadual do Despejo Zero ( Lei nº 17.400/2021), de iniciativa do mandato psolista, e sugeriu que o tema seja discutido em audiência pública na Alepe.

Libras

Jô Cavalcanti ainda elogiou a presença de uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no Plenário e nas Comissões Parlamentares. “Era uma reivindicação antiga que nós, das Juntas, protocolamos na Mesa Diretora. Parabenizamos a Casa e todos os responsáveis por atender a esse pleito”, disse.