PARTILHA – “Cooperado é, ao mesmo tempo, cliente e associado da organização”, explicou o presidente do OCB-PE, Malaquias Ancelmo. Foto: Evane Manço

O segmento do mercado financeiro que mais cresce no País é o das cooperativas de crédito. Segundo o Banco Central, elas tiveram um aumento acumulado de 134,6% entre 2016 e 2020, passando a representar 5,1% das carteiras de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Para compreender as características e os desafios dessas entidades, a Frente Parlamentar em Defesa do Cooperativismo promoveu, nesta segunda (30), uma reunião com integrantes do setor. 

“As cooperativas de crédito são instituições financeiras em que a pessoa cooperada é, ao mesmo tempo, cliente e associada da organização”, explicou o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas de Pernambuco (OCB-PE), Malaquias Ancelmo. “Os lucros são destinados aos associados e aos projetos do orçamento anual.” Coordenador do colegiado, o deputado Waldemar Borges (PSB) comprometeu-se, por meio da Frente, a ampliar a divulgação dessas entidades.

Para o presidente do Conselho de Administração da Sicredi/Pernambucred e coordenador da Comissão do Ramo Crédito da OCB-PE, Luís Aureliano, o grupo parlamentar recém-criado na Alepe alinha-se ao da Câmara Federal no propósito de apoiar o segmento. “Ambos têm o papel de contribuir com nosso trabalho, inclusive intermediando as relações com outros entes federativos e moldando a legislação para aperfeiçoar nossa atuação”, salientou. 

Ele também lembrou que as cooperativas não visam ao lucro: “São instituições de apoio de pessoa para pessoa, que oferecem, inclusive, programas de educação financeira para que os clientes possam lidar com seus recursos da melhor forma”, disse.

ARTICULAÇÃO – “Sugiro reunião com deputados que participam da Frente da Câmara Federal para que trabalhemos em parceria”, disse Waldemar Borges. Foto: Evane Manço

Presidente do Conselho de Administração do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) do Vale do São Francisco, Antônio Vinícius destacou que o cooperativismo é um braço do governo porque os propósitos são similares. “Lutamos por uma sociedade mais próspera e mais justa”, frisou. 

“Tentamos promover a inclusão financeira com acesso mais desburocratizado ao crédito e distribuir mais do que concentrar. Somos um lugar de pessoas, não de capital, e estamos atentos ao que acontece na economia do País para ajudar a sociedade”, informou. O gestor acredita que a Frente Parlamentar tem o poder de proteger o cooperativismo.

Desafios

Evaldo Campos, que preside o Conselho de Administração do Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob) em Pernambuco, observou que, apesar de realizar um trabalho árduo, o setor ainda é pequeno e precisa crescer. “Existem alguns obstáculos e o trabalho deste colegiado será importante para destravar questões. Uma de nossas reivindicações é a aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 27/2020, que tramita no Congresso Nacional há muito tempo. A proposta altera, entre outras coisas, o modelo de gestão das cooperativas”, ressaltou.

Campos também defendeu uma ampla reforma tributária e mudança na legislação que autoriza as cooperativas de crédito a captar recursos das prefeituras. “As verbas movimentadas pelos municípios não podem ser maiores que o limite do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Créditos (FGCoop), de R$ 250 mil, ou a cooperativa deverá obedecer aos requisitos prudenciais estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional. O valor é muito restrito e precisa ser alterado.”

APOIO – Para Evaldo Campos, “existem obstáculos e trabalho do colegiado será importante para destravar questões”. Foto: Evane Manço

Ao final do encontro, o deputado Aluísio Lessa (PSB) agradeceu as informações que foram repassadas à Frente Parlamentar. “Elas serão de grande relevância na elaboração do relatório final do colegiado”, enfatizou.  Waldemar Borges ainda falou da importância dos dados e afirmou que, a cada reunião, o grupo deverá ganhar mais intimidade com o segmento.

“Nossa Frente é suprapartidária e uma de suas finalidades é difundir o cooperativismo no Estado. Esta é a melhor forma de fortalecer o setor. Sugiro uma reunião com os deputados federais pernambucanos que participam da Frente da Câmara Federal para que trabalhemos em parceria”, prosseguiu. O coordenador avisou que a próxima atividade do colegiado será no dia 6 de setembro e contará com a presença de representantes das cooperativas sucroalcooleiras do Estado.

A reunião desta tarde também teve a participação de membros de outras entidades, como da Sicredi Centro Pernambucana e Sicredi Recife.