FUTURO – Para o presidente da Comissão de Justiça, Waldemar Borges, “questão diz respeito ao legado que se quer deixar para os que ainda vão nascer”. Foto: Evane Manço
A possível exclusão do ramal que ligaria a Ferrovia Transnordestina ao Porto de Suape motivou debate na Alepe, nesta sexta (30). Realizado pela Comissão de Justiça, o encontro virtual foi o primeiro passo para o Poder Legislativo Estadual se engajar na campanha em defesa do traçado original da via.
No último dia 20, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciou que não há demanda para dois ramais portuários, apontando o Porto de Pecém, no Ceará, como o único destino da Ferrovia. A afirmação desagradou a bancada de parlamentares federais e estaduais de Pernambuco, bem como setores produtivos do Nordeste.
Um deles foi o deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE), coordenador do grupo de congressistas que defendem o projeto original. “Essa é uma luta que deve congregar todos os pernambucanos, independentemente de colorações partidárias”, pontuou o pedetista, que participou da discussão virtual desta manhã. “Nosso Estado tem uma liderança natural e, no Congresso Nacional, existem vários expoentes que podem e querem capitanear este movimento em prol do futuro de Pernambuco”, ressaltou. Para Queiroz, também é preciso buscar aproximação com os Estados vizinhos e apoio da sociedade.
Entre as ações do grupo, está uma campanha de comunicação para mostrar que, além de Suape ser tecnicamente superior, Pernambuco é pródigo em influência política, estando a postos para trabalhar por mais esse pleito fundamental. O deputado federal propôs que a Alepe indique um membro para acompanhar as atividades da comissão do Congresso.
UNIÃO – Wolney Queiroz coordena grupo de congressistas que defendem o projeto original. “Luta deve congregar todos os pernambucanos, independentemente de colorações partidárias”, opina. Foto: Evane Manço
O diretor de Planejamento e Gestão de Suape, Francisco Martins, destacou as vantagens técnicas da permanência do Ramal de Suape no traçado. Uma delas é a de que essa ferrovia seria cem quilômetros mais curta do que uma via até Pecém, o que representa uma economia em torno de R$ 1,5 bilhão em obras. “O traçado por Pernambuco ainda é, indiscutivelmente, a alternativa ambientalmente mais sustentável e pode encurtar as distâncias, causando menores emissões de gases de efeito estufa. Mas não pedimos que o Ramal de Pecém seja excluído; queremos as duas vias”, salientou.
O gestor explicou também que o trem levaria minério e teria uma carga de retorno, ou seja, não voltaria vazio. Ele acrescentou que o modal ferroviário é hoje um dos mais valorizados do mundo e Pernambuco não pode ficar de fora desse avanço. “Acredito que o apoio da Assembleia é fundamental neste processo”, enfatizou Martins, lembrando que o governador Paulo Câmara já assumiu essa campanha e que todos os partidos serão bem-vindos.
Para o presidente da Comissão de Justiça, deputado Waldemar Borges (PSB), os representantes da população devem atuar em favor dos interesses do povo e a causa precisa mobilizar a todos. “A questão diz respeito ao legado que queremos deixar para os que ainda vão nascer, por isso abraçamos essa causa”, frisou. O socialista adiantou que, por sugestão da deputada Laura Gomes (PSB), a Alepe poderá criar uma comissão especial, a exemplo da que foi instalada no Congresso.
O líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), afirmou que o Governo Federal não tem soberania para alterar o traçado da ferrovia. “Esse tipo de ação depende de muitas variáveis e deve estar amparado pela legislação”, assinalou o deputado estadual. “Além disso, não há como comparar a capacidade do Porto de Pecém com a de Suape. A decisão deve levar em conta o desenvolvimento do Estado.”
ANÁLISE – Francisco Martins destacou vantagens técnicas da permanência do Ramal de Suape no traçado. Foto: Evane Manço
“Desde sua criação, Suape já assistiu à passagem de 15 governadores de Estado e todos contribuíram para o seu desenvolvimento. Além de se avaliar a parte técnica, precisamos nos unir em torno desse bem comum”, destacou o deputado Aluísio Lessa (PSB). ”A vantagem de Suape é indiscutível. Estamos engajados nessa luta”, frisou o deputado Tony Gel (MDB). “Devemos debater com a sociedade e com os trabalhadores do setor ferroviário, pois a questão é estratégica para Pernambuco”, salientou João Paulo (PCdoB).
Já Fabrizio Ferraz (PP) informou que, não bastassem todas as vantagens que repousam sobre o porto pernambucano, o município de Floresta (Sertão) está despontando como um território rico em ferro e com potencial para mineração, com vistas à exportação. Para o parlamentar, tal fato também deveria pesar na decisão sobre o trajeto da Transnordestina.
Ao final, o presidente da Alepe, deputado Eriberto Medeiros (PP), ratificou o apoio do Legislativo Estadual ao pleito, o qual considera de “fundamental importância”. “Não podemos ficar de fora dessa luta. Vamos nos mobilizar em defesa da causa”, ressaltou.
