
CRÍTICA – Parlamentar afirmou que falta de compromisso de Bolsonaro com questões sociais, somada à crise sanitária, levaram País a um “retrocesso”. Foto: Jarbas Araújo
Estudo recente do Banco Mundial apontando o crescimento nos níveis de fome na América Latina e no Brasil motivou discurso do deputado João Paulo (PCdoB) na Reunião Plenária desta quinta (15). O parlamentar apontou a pandemia do novo coronavírus, juntamente ao que classificou como “falta de compromisso do presidente Bolsonaro com as questões sociais”, como as causas desse retrocesso.
O levantamento estima que cerca de 5,4 milhões de brasileiros estarão em situação de extrema pobreza até o final de 2020, o que elevaria o número total para 14,7 milhões – ou 7% da população. “Além de introduzir um modelo autoritário de gestão e querer impor comportamentos baseados no fundamentalismo religioso, outra marca dos últimos dois anos de governo é o aumento da fome, que havia sido praticamente erradicada por Lula e Dilma Rousseff”, afirmou o comunista.
A pesquisa também prevê que, este ano, 16 milhões de latino-americanos entrem na extrema pobreza, totalizando 83,4 milhões de pessoas nessa condição em todo o continente. “No documento, o Banco revela que a solução passa pelas escolhas e ferramentas políticas adotadas pelos governantes, propondo uma série de ações para a retomada do crescimento”, frisou João Paulo. “Mas a questão parece não comover o Governo Federal, por isso, a tragédia é mais do que previsível.”
Para o deputado, “enquanto as autoridades do País discutem a manutenção do teto fiscal e as reformas ‘vendidas’ como solução, a pobreza cresce em escala galopante”. O parlamentar ainda comentou uma declaração do economista Daniel Balaban, que representa, no Brasil, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU), ação que venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2020. “Segundo ele, nosso País saiu do Mapa da Fome em 2014, mas está caminhando a passos largos para voltar, devido à regressão das políticas sociais”, ressaltou.
O comunista lembrou que, já no primeiro ano de gestão, Jair Bolsonaro extinguiu o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e outras instituições que ofereciam apoio à população mais vulnerável. “Essa entidade viabilizou a construção de milhões de cisternas pelo Brasil e criou vários programas de assistência alimentar. Saímos do Mapa da Fome graças a essas iniciativas. Hoje, quatro em cada dez famílias não têm acesso regular a comida no País”, lamentou.
Os deputados Antonio Fernando (PSC) e José Queiroz (PDT) enalteceram o pronunciamento do colega. “A Alepe precisa de mais discursos com temas como esse, que chamem atenção. No futuro, quando houver uma pesquisa nos Anais da Casa, serão eles os de maior destaque”, acredita o pedetista.